A realidade das comunidades indígenas no Mato Grosso do Sul

A internet é com certeza a maior fonte de mobilização social existente na atualidade, mas qual a confiabilidade desses movimentos? A questão ambiental é muitas vezes o foco dessas campanhas nas redes sociais.

A mais recente é a luta em “prol” dos índios guarani-caiovás, inúmeras pessoas substituíram seus sobrenomes na rede social pela denominação indígena. Mas até que ponto a ocupação de fazendas pelos índios é justa e suficiente?Será que não é necessário algo mais?

A origem da discussão foi uma medida liminar de manutenção de posse dos proprietários da fazenda ocupada pelos 170 índios em 2011. Essa medida judicial significa que em caráter preliminar os índios não tem qualquer direito sobre a área. Após a mobilização a decisão foi revista, possivelmente somente com fundamento na pressão social.

Até que ponto a questão é verdadeiramente conhecida pelos internautas? As terras indígenas ocupam 13,2% da área total do país, somente à título de comparação a agricultura utiliza aproximadamente 7%. Mas será que na atualidade o isolamento dos índios é a solução dos problemas? Será que a manutenção ocupação da fazenda Cambará acaba com os dilemas indígenas?

Os índios são extremamente dependentes da FUNAI, do Conselho Indigenista Missionário – CIMI e de ONGS. Infelizmente a sociedade moderna não é compatível com continuidade dos índios em aldeias, possivelmente a maioria deles tem interesse em tecnologia, consumo, lazer e trabalho como o “homem branco”.

Um levantamento realizado por agentes de saúde em uma aldeia em Dourados-MS, revelou que em 70% das famílias indígenas há 1 ou mais membros viciados em crack. Segundo o IBGE a população dos guarani-caiovás é de 43 400 membros no país. Conforme noticiado pela revista Veja, o parâmetro utilizado por eles para classificar as terras como de sua propriedade é o nascimento ou morte de um de seus integrantes em um pedaço de terra que ocupem enquanto vagam pelo no Brasil.

De acordo com esse critério absurdo, todo o sul de Mato Grosso do Sul deveria ser declarado como terra indígena. A CIMI e várias ONGS da região estão difundindo a ideia da criação de uma nação guarani para lutar contra o “homem branco”, justamente no sul do estado que coincidentemente é a área mais produtiva do agronegócio em MS.

Assim, há relatos que sob forte influência da CIMI e das ONGS, os índios estão invadindo propriedades, como o acontecido na Fazenda Cambará.

Um detalhe interessante é a data da ocupação. Somente no ano passado os índios verificaram que a Fazenda Cambará é de sua propriedade? Antes desse incidente os índios moravam em uma reserva indígena plenamente regularizada do outro lado da margem do rio.

Assim, a necessidade dos índios não se resume a destinação de terras para as comunidades, o que lhes falta é dignidade. O Brasil deve realizar a inclusão social dos povos indígenas, com respeito a sua cultura, pois o que eles anseiam é o mesmo que todo brasileiro.

Logo, ao que parece a questão é muito mais complexa do que muitos pensam, o apoio aos índios da maneira como está sendo ocorrendo pode ser mais prejudicial do que benéfica. O ponto a ser discutido é como e quando os índios serão verdadeiramente cidadãos brasileiros.

3 thoughts on “A realidade das comunidades indígenas no Mato Grosso do Sul

  • 12 de novembro de 2012 em 17:25
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    A repórter esta equivocada e desatualizada, fez comentários com base na matéria exibida na revista Veja que já foram desmentidas pelos próprios índios. Terra e saúde, habitação e segurança!

  • 12 de novembro de 2012 em 17:39
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    Olá Luis Henrique,
    Obrigada pelo comentário.
    Todos os dados citados tem fontes confirmadas como IBGE.
    Usei sim alguns dados da revista Veja da semana passada, que em nada são desatualizados.
    O critério para ocupação da Fazenda Corumbá não é o citado pela Veja? Mas a reportagem foi realizada ouvindo todos os envolvidos, agora mudaram de ideia? pode ser.
    Com certeza os índios querem e merecem saúde, habitação e segurança como todos os brasileiros, como eu e você inclusive. Mas,ocupação de terras particulares altamente produtivas não é um ato legítimo.

  • 12 de novembro de 2012 em 19:43
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    Muito interessante a matéria e mostra uma outra opinião e visão do caso (a meu ver): dos proprietários de terra.
    Porém, deve-se levar em consideração toda a história de ocupação do território nacional, bem como os conflitos que ocorreram entre os colonos (sejam portugueses de do século XVI ou gaúchos/paranaenses do sécuo XX) e os habitantes nativos daquelas terras. Sem tekó, não tem tekoa, como diriam os Guaranis (Kaiowa, Mbya, etc.).
    Ninguém nunca perguntou se eles queriam fazer parte dessa nação, que pra eles, é estrangeira (Brasil). A nação brasileira se criou e formou na base da guerra, escravização, persuasão, entre outros fatores ao longo de 500 anos de história de ocupação imigrante (sendo que os unicos que não possuem origem migratória recente – ultimos 500 anos – são os indígenas). O Brasil era território de várias nações que foram unificadas das mais diversas maneiras em uma única nação.
    Poderia desenvolver mais o argumento, mas em suma, o problema não são os indios e nem os fazendeiros, mas sim o modo como essas relações estão sendo mediadas pelo órgãos governamentais responsáveis. A cultura indígena, nem sempre, será compatível com a nossa cultura (seja na esfera religiosa, economica, social, politica, etc.) E não é dizimando um dos lados é que irá se resolver a questão!

    Parabéns pela reportagem!

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