#diadaágua – 22 de março: Dia Mundial da Água

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Por Bruno Guimarães*

Hoje, dia 22 de março, no Brasil e no mundo comemora-se o Dia da Água. Contrária à visão de comemoração, a data tem o objetivo de fomentar a atenção do coletivo a respeito da escassez dos recursos hídricos em nosso planeta.
Nesse sentido, como manifesto à data, irei expor aqui um pequeno diagnóstico da situação hídrica no âmbito nacional e mundial, e mostrar a importância de refletir, discutir e buscar soluções para a poluição, desperdício e escassez de água no mundo. Papel este de todos.
Assim como nosso corpo, nosso planeta tem cerca de 2/3 só de água. Pela lógica, parece haver água sobrando para a população, não é? Parece um absurdo falar em crise da água. A realidade não é sempre o que parece.
Vamos aos fatos: 97,5% da água do planeta é água marinha, salgada, imprópria para ser bebida ou aproveitada, em grande escala, em processos industriais; de água doce restam 2,5%, desta a grande maioria se encontra congelada ou está no subsolo, armazenada no lençol freático ou aquíferos.
Para o consumo de mais de 7 bilhões de pessoas está disponível apenas 0,3% do total de água da Terra. E a distribuição não é equitativa: no âmbito mundial grande parte da África, o Oriente Médio, parte do Peru, algumas áreas do México, America Central, China, Índia e Tailândia já se deparam com situações críticas relacionadas aos seus recursos hídricos.
Com relação ao Brasil, muitos já devem ter ouvido falar que temos água em abundância, mas esclareço que por aqui a distribuição Água x População é um tanto quanto instável também: 70% da água superficial disponível se encontra na Amazônia, no Norte, onde existe a menor concentração populacional; enquanto que no Sudeste, onde residem quase 50% da população nacional, tem disponível apenas 6% da água total.
Um fator importante a se considerar é que existe uma grande diferença entre a água que está no rio e a água que está na torneira. Há um longo caminho entre esses dois pontos; tratar água sai caro. Uma grande dificuldade atual, técnica e financeira, é a distancia entre fontes hídricas e centros consumidores.
Soma-se a isto o aumento desenfreado da população mundial, a poluição a partir do despejo de resíduos sólidos e de efluentes sanitários e industriais nos rios, o consumo excessivo de água e produtos e o alto grau de desperdício destes e terá a noção do tamanho do passivo ambiental.
Dados consistentes afirmam que durante o século XX, enquanto a população triplicou em número, o volume de água consumido aumentou 9 vezes. Dessa forma, a pouca água existente fica ainda mais comprometida. Como exemplo cito dois grandes centros urbanos: o caso da Califórnia (EUA), que depende para abastecimento até de neve derretida no distante Colorado; e o caso da cidade de São Paulo, que, embora nascida na confluência de vários rios, viu, através da negligência governamental e do inchaço populacional, a poluição tornar imprestáveis para consumo as fontes próximas, e tem de captar água de bacias distantes, alterando cursos de rios e a distribuição natural da água na região.
Enfim, o cenário de escassez se deve não apenas à irregularidade na distribuição da água e ao aumento das demandas – o que muitas vezes pode gerar conflitos de uso – mas também ao fato de que, nos últimos 50 anos, a degradação da qualidade da água aumentou em níveis alarmantes.

É necessária a exposição dos fatos para que tenhamos maior consciência no usufruto do recurso. Na edição passada desta coluna, falei a respeito da contabilidade do nosso consumo cotidiano de água, mostrei que 90% da água é consumida indiretamente e de forma imperceptível, através do consumo de bens e alimentos.
O tema deste ano é justamente nesse sentido: “Água e Segurança Alimentar”. Atualmente, grandes centros urbanos, industriais e áreas de desenvolvimento agrícola com grande uso de adubos químicos e agrotóxicos já enfrentam a falta de qualidade da água, o que pode gerar graves problemas sociais e de saúde pública.

Se 70% do uso da água vai para a irrigação, 10% no dia a dia de cada um, e os outros 20% para o beneficiamento de alimentos e produtos que consumimos, como, num futuro próximo teremos segurança alimentar para tanta gente?

A resposta quem dá é você! Lembre-se que no mês em que se comemora o Dia Mundial da Água, em diversos lugares do planeta, milhares de pessoas já sofrem com a falta desse bem essencial à vida.
A água vem se tornando o recurso natural mais estratégico de qualquer país, e este recurso exige um planejamento bem elaborado pelos órgãos governamentais, estaduais e municipais, visando técnicas de melhor aproveitamento. E a cobrança pelas responsabilidades públicas, assim como o uso consciente e o dever de preservação deve vir, portanto, de cada cidadão.

*Bruno Guimarães é Engenheiro Ambiental, formado pela Universidade Federal do Tocantins e trabalha hoje na Prefeitura de Pirapora/MG.

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