Circuito de Sustentabilidade #Fiat – Água e efluentes
Há aproximandamente 3 semanas eu tive a grata satisfação de conhecer as estratégias em sustentabilidade da fábrica da Fiat em Betim/MG a convite da FCA – Fiat Chrysler Automobiles. Como sempre, foi uma viagem rápida, porém de uma enorme satisfação por poder ter conhecido toda o Circuito de Sustentabilidade FIAT que a empresa promove há 4 anos e o #VivoVerde foi um dos convidados desta edição!
Como foram muitos conteúdos agregados pela visita, decidi divididir em quatro matérias, esta que fala sobre a água e efluentes tratados; resíduos sólidos e reciclagem; energia, socioambientalismo e cultura.
De início fomos convidados a participar de uma pequena palestra de apresentação de como seria nossa jornada. A Fiat está compromissada com agendas globais de sustentabilidade, como os 17 Objetivos de desenvolvimento do Milênio (ODMs) da ONU (sendo que 11 deles são implantados na empresa) e o Acordo de Paris, acordo mundial que prevê a redução de emissão de gases do efeito estufa.
A empresa determina algumas perdas que devem ter uma atenção maior, como, no caso da água, o diagnóstico de impactos abrange 7 tipos de perdas: consumo desnecessário; excesso de consumo; falta de otimização, como equipamento com vazamento interno; não utilização de recursos recuperáveis (uso de água potável ao invés da água de reúso da Estação de Tratamento de Efluentes – ETE); distribuição; transformação / tratamento (perda na ETE) e a não utilização de recursos renováveis, como água da chuva.
Complexo de Tratamento de Efluentes
No Polo Automotivo Fiat, 99,6% da água tratada retorna para o processo produtivo. Esse índice de reúso fez com que a fábrica alcançasse a meta de não utilizar água potável no processo industrial. Essa conquista só foi possível após contínuos investimentos no Complexo de Tratamento de Efluentes, localizado dentro da fábrica.
Linha do tempo:
1976: Início da operação da fábrica da Fiat, que já nasce com a tecnologia para tratar 100% do efluente que gera.
1994: 60% da água tratada passa a ser recirculada, ou seja, retorna para o processo produtivo.
1998: Modernização do sistema de tratamento com a construção de nova estação de leito fluidizado e biofiltração com carvão ativado. Índice de reúso atinge 92%.
2010: Implantação das tecnologias de Membranas (MBR) e de Osmose Reversa (OR), possibilitando o reúso de 99% da água tratada. Com investimento de cerca de R$ 12 milhões, o Polo Fiat foi pioneiro no Brasil na adoção dessas tecnologias.
2014: Em uma terceira onda de modernização, a Fiat investiu R$ 4 milhões para ampliar o índice de reúso de 99% para 99,4%.
2019: Atualmente, o índice de reúso é de 99,6% – um recorde no setor automotivo no país.
O Complexo de Tratamento de Efluentes do Polo Automotivo Fiat é um dos mais modernos da América Latina. Com o reúso, em 2018, a Fiat deixou de consumir 360 mil m3 de água potável, volume suficiente para abastecer por ano 109.090.9 pessoas. O Complexo de Tratamento de Efluentes conta com um laboratório, certificado na Norma ABNT NBR ISO 17.025, que realiza por mês cerca de 3.500 análises, de forma a garantir a qualidade da água que será recirculada nos processos de manufatura e da água que será descartada no emissário da concessionária local.
Além das análises laboratoriais, o complexo de tratamento de efluentes possui um pequeno lago com fauna aquática, utilizada como bioindicador, no qual são usadas carpas. Paralelo aos esforços para otimizar o processo de reúso no Complexo de Tratamento de Eflue~][´]ntes, a gestão hídrica também abrange iniciativas para o uso racional de água no processo produtivo. Exemplo de projeto de redução do consumo de água desmineralizada: No processo de pré-tratamento na Pintura, a carroceria passa por uma última lavagem com água desmineralizada, em imersão e spray. Há um sensor de condutividade instalado diretamente na tubulação em comunicação com uma eletroválvula. Quando a condutividade atingia 45 µS, automaticamente, iniciava-se o processo de renovação do banho, com o abastecimento de água.
Após estudos, verificou-se a possibilidade de alteração da faixa de condutividade para 80 µS, sem qualquer comprometimento da qualidade do processo. Os estudos foram realizados internamente pelo time da produção. Como resultado, o consumo de água desmineralizada reduziu 22%, que representa 1.984 m3 /mês de água desmineralizada.
Indicadores
Em 3 anos, o consumo de água por veículo produzido reduziu 37%. Atualmente, o consumo de água é de 1,5 m³ por veículo, sendo esse volume 100% proveniente do Complexo de Tratamento de Efluentes. Os indicadores de geração de resíduos e consumo de energia também são muito positivos e demonstram a real melhoria ambiental dos processos da manufatura. Em geração de resíduos, a queda foi de 12% em 3 anos. Por veículo produzido, a redução do consumo de energia, no mesmo período, foi de 23%.
A água que abastece toda a fábrica é proveniente da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (COPASA), após o uso, tratamento do efluente e reuso, o que não é reutilizado no processo (formando um ciclo interno dentro da empresa) é despejado no corpo hídrico mais próximo e com qualidade da água boa pra ótima.
A FCA promove alguns “Dojos ou Dojôs” (em japonês: 道場, Dōjō, lit. “Local do caminho”) para que os funcionários tenham experiências de educação ambiental (e em outras áreas como segurança do trabalho), para tornar o dia a dia de trabalhor mais enriquecedor. Com relação a água, nos mostraram a evolução das trocas de torneiras da empresa, onde com este simples gesto, pode economizar muita água e o trabalhador vê na prática como isto funciona.
Gostou de conhecer os trabalhos que a empresa promove? Logo venho com os outros itens do circuito! Comente abaixo o que achou e se como eu, ficou surpreso com todo este processo! Desde já quero agradecer a FCA pelo convite.
Crédito das fotos: Leo Lara/Studio Cerri