Como surgiu a dor do parto?
Para confirmar o que estou dizendo, basta perguntar às mães que já deram à luz em um parto natural. A grande maioria das mulheres reconhece que a dor do parto está entre aquelas mais fortes e temidas. E, certamente, poucas são as situações em que uma pessoa passa por uma dor tão intensa.
Aqui, nesse texto, apresentaremos duas explicações para a origem dessa dor.
A mais conhecida explicação para a origem da dor do parto está presente na Bíblia Sagrada. No livro de Gênesis, vemos que o primeiro casal, Adão e Eva, ao comer o fruto proibido da árvore do conhecimento do bem e do mal, passou a enxergar o mundo de forma diferente. E, como punição por terem transgredido uma ordem do Criador, eles receberam diversas punições. Desde então, a mulher começou a encarar a gravidez com sofrimentos, dando à luz com muitas dores (Gênesis 3: 1-24).Além dessa explicação bastante popular, existe uma outra teoria vinculada à biologia e antropologia que trata da origem da dor do parto. Mas antes de enfocar diretamente tal explicação é preciso apresentar brevemente as principais etapas e eventos da história evolutiva do homem.
Segundo acreditam os evolucionistas, algumas das primeiras linhagens de primatas surgiram há cerca de 70 milhões de anos nas densas florestas do continente africano. Há cerca de 4-5 milhões de anos, nossos antepassados simiescos começaram a mudar seus hábitos. Nessa época, eles foram deixando as copas das árvores e começaram a passar mais tempo no chão.
Ao deixar as copas das árvores, o homem-primitivo foi adquirindo uma postura ereta, em contraposição à postura quadrúpede dos símios. Adotar essa nova postura foi algo extremamente radical em termos evolutivos, pois ao ficarmos de pé, sobre duas pernas, diversas alterações começaram a ocorrer na estrutura de nosso corpo. Houve um grande número de mudanças tais como: (a) nossos pés se alongaram e ficaram mais chatos, para dar maior sustentação ao corpo; (b) a bacia pélvica mudou seu formato para se adequar à nova postura bípede; e (c) os ossos das pernas se alongaram, nos proporcionando passadas mais longas. Todas essas mudanças na estrutura óssea foram acompanhadas de alterações nos músculos correlatos.
Vale destacar que a postura bípede proporcionou ao homem-primitivo uma melhor visão do horizonte, pois, de pé, ele podia perceber e evitar o perigo mais facilmente.
É importante salientar que no passado as mãos do homem-primitivo eram bem semelhantes às dos grandes macacos (chimpanzés, gorilas, gibões e orangotangos). Todos eles quando caminhavam se apoiavam nos quatro membros, por isso eles têm mãos grossas e firmes. Mas à medida que nossos ancestrais passaram a apoiar todo o peso do corpo nos pés, deixando as mãos livres para fazer outras coisas, ocorreu um outro passo na nossa escala evolutiva.
A postura bípede desencadeou uma mudança radical na estrutura de nossas mãos. Elas adquiriram um movimento delicado, principalmente entre o dedo indicador e o polegar. Dessa forma, nossas mãos se tornaram instrumentos precisos, que podem ser usados de maneiras extraordinariamente variadas. Hoje, nossos polegares são mais longos e flexíveis que os polegares dos chimpanzés e demais macacos.
Especula-se também que uma vez que as mãos estavam livres, o homem-primitivo podia manipular alimentos altamente seletivos, adquirindo assim uma vantagem na sobrevivência dos filhotes, pois os adultos e jovens podiam juntar e trazer grandes quantidades de alimento para as mães e sua prole.
Mas, deve estar claro para todos que nossos ancestrais não ganharam essas vantagens anatômicas do dia para a noite. Tudo isso transcorreu num intervalo de tempo imenso.
Quase sempre, as mudanças na forma, estrutura e funcionamento do corpo dos seres vivos ocorrem como fruto de alterações ambientais. E com nossos antepassados foi assim também, pois algumas alterações no clima contribuíram significativamente em nosso processo evolutivo. Logo que o homem-primitivo deixou a copa das árvores, o clima se tornou cada vez mais seco e isso transformou a paisagem das florestas em savanas. Dessa forma, o homem passou a ocupar as grandes clareiras que surgiram entre as florestas africanas. Vale destacar que a ocupação desse novo ambiente foi um marco significativo que nos separou definitivamente dos outros macacos.
Por volta de 2,5 milhões de anos, o homem-primitivo estava usando intensamente suas mãos, produzindo ferramentas rudimentares de pedra lascada, para cortar alimentos e para defesa contra seus inimigos naturais, especialmente os grandes felinos.
A vida em grupo forçava o uso mais intenso do cérebro. E, à medida que o tempo passava, os relacionamentos nos grupos tornavam-se mais complexos. Nessa nova situação, surgiram a hierarquia, as disputas intraespecíficas por parceiras e por alimento, e a divisão de tarefas. Tudo isso contribuiu para o crescimento do cérebro e, conseqüentemente, para o aumento da caixa craniana.
Por volta de 750 mil anos, o homem-primitivo dominou o fogo. Com o uso do fogo, os hominídeos cozinhavam seu alimento, aumentado assim sua digestibilidade e valor nutritivo e preservavam a carne por períodos mais longos que a fresco. Além disso, com o fogo podiam se aquecer, afastar predadores, trabalhar e conversar no escuro.
Há cerca de 300 mil anos, as ferramentas se diversificaram, aparecendo um grande número de lâminas e machados feitos de madeira, ossos e pedras.
Por volta de 200 mil anos, os hominídeos passaram a apresentar uma linguagem falada, a partir de modificações da laringe. E, ao longo de tudo isso, nosso cérebro só ia crescendo em tamanho e capacidade de armazenamento e processamento das informações.
Os ritos funerários e primeiros indícios de religião surgiram há aproximadamente 100 mil anos. Nessa época, eles já enterravam seus mortos, freqüentemente em posição de dormir, juntamente com alimento, ferramentas e artefatos decorados.
Há cerca de 70 mil anos, os primeiros registros de impressões em rochas e cavernas indicam o nascimento da arte.
40 mil anos atrás, o homem-primitivo começou a construir suas próprias habitações, deixando, dessa forma, as cavernas e grutas.
E aproximadamente 30 mil anos atrás, o “HOMEM” já estava pronto, pois já tinha um cérebro tão grande quanto o nosso. A partir daí, nossos ancestrais ampliaram seus conhecimentos e domínio sobre a natureza, construindo a grande civilização humana.
Mas, após isso tudo, você pode estar se perguntando o que tem a ver a dor do parto com toda a história evolutiva do homem.
Diante disso, eu lhe afirmo que não há como separar uma coisa da outra, pois ao termos evoluído para uma forma de vida superior, nós acabamos pagando um grande preço por isso.
Vou tentar ser mais claro. Os quadrúpedes (bois, cavalos, búfalos, zebras, gnus, etc.) por andarem apoiados nas quatro patas podem ter quadris proporcionalmente mais largos do que os nossos. Na medida em que adotamos uma postura bípede, toda a estrutura da bacia pélvica mudou. Compare a silhueta das mulheres com a das fêmeas de outros macacos. Proporcionalmente, as mulheres atuais têm quadris mais estreitos do que as mulheres-primitivas do passado. Para andarmos eretos, sob dois pés, nosso corpo tornou-se mais esbelto com quadris estreitos. Isso é um grande obstáculo na hora do parto.
Vale destacar ainda que as dores horríveis do parto não são só fruto do estreitamento do quadril. Ao longo desses últimos 4-5 milhões de anos, os bebês humanos passaram a ter crânios avantajados, bem grandes em relação aos seus corpinhos diminutos. Proporcionalmente, nossos bebês têm crânios muito maiores do que a grande maioria dos animais. E, todos nós sabemos que um crânio grande dificulta em muito o nascimento da criança.
Dessa forma, fica claro que há um ponto em comum entre a explicação bíblica e a opinião dos evolucionistas, pois, salvo algumas poucas divergências, ambos concordam que o preço que pagamos por termos nos tornado “seres pensantes”, com grande capacidade de discernimento e imaginação, nos conduziu à temível dor do parto.
Pingback: Eng. Daiane Santana
Fiz dois partos normais,sendo que do primeiro filho,foram 20 hrs de dores sem parar e do segundo filho,quase 3 hrs…..porém,acho que na hora em que o beb6e nasce,acontece uma mistura de dor com prazer…..pois somente quem é mãe,quem passou pela maravilhosa experiência pode avaliar….fiz os dois partos sem anestesia,somente anestisei a parte do corte (episiotomia)e sentir com todas as minhas entranhas meus filhos nascerem……A Débora ( a primeira) tinha uma cabeça grande e com isto a dor foi maior ,pois eu não tinha elasticidade suficiente,porém ,o amor,a vontade de vê-la nascer superou e me lembro como se fosse agora,que cantei para ela ao nascer…..O Daniel,tinha a cabeça menor e talvez,na hora por ter mais líquido(a menina,foi um parto seco,pois a bolsa foi estourada com a pinça)a bolsa na gravidez do Daniel,estourou sozinha……….bem,adorei a experiência de ser mãe…..e teria muito mais filhos se pudesse………..amamentei meus filhos por dois anos seguidos…….ai….que saudades…..