Livro: Colapso: como as sociedades escolhem o fracasso ou o sucesso
Autor: Jared Diamond
Editora: Record
Todos os debates que giram em torno do meio ambiente demonstram, por um lado, a grande preocupação de parcela da população com a própria vida, e, por outro, defensores do discurso de “natureza renovável”, como se todos os bens naturais fossem automaticamente substituíveis. Porém, apesar de existirem inúmeras ações individuais que podem ser praticadas em prol da preservação do meio ambiente, as grandes decisões estão com os gestores mundiais.
Nessa linha de pensamento, Jared Diamond analisa diversos “casos” antigos e atuais, desde a civilização Maia à Europa atual. Os “casos” referem-se ao destino de sociedades de dois tipos: algumas pereceram com poucos séculos de existência, outras sobrevivem há milênios. O livro explora as razões para destinos tão contrastantes. O esgotamento de recursos naturais essenciais levou ao empobrecimento e posterior aniquilamento, ou quase, da população humana. No processo de pauperização decorrente da crescente escassez de certo recurso natural vital, há evidências de que a degradação dos seres humanos, e a guerra destes entre si pelo controle do recurso escasso, acompanharam a deterioração ambiental.
O autor lista dos doze principais problemas ambientais atuais do Planeta, são eles: destruição de habitats naturais (florestas, pântanos, recifes de coral); redução das fontes de alimento selvagem (peixes, por exemplo, que respondem por 40% da proteína consumida no mundo); perda da biodiversidade; erosão e salinização dos solos; dependência dos combustíveis fósseis; esgotamento dos recursos hídricos; o fato de a maior parte da energia solar ser usada para propósitos humanos (plantações); despejo de produtos químicos (agrotóxicos, hormônios, componentes de plásticos, rejeitos de mineradoras, poluição do ar); transferência de espécies exóticas para novos habitats; acúmulo dos gases do efeito estufa; aumento da população; e seu impacto sobre os recursos naturais.
O mote e as conclusões do livro, por mais brutal que possa parecer, são proposições centrais do livro. Entendida por alguns como expressão de uma abordagem que poderia ser chamada de “determinismo ambiental”, a análise de Diamond não incorre nesse erro. Pelo contrário, reconhece diversos fatores que podem evitar o colapso, entre os quais decisões políticas tomadas – ou não – e cumpridas pela sociedade.
Sobre o não cumprimento de agendas pró meio ambiente; ou mesmo a não proposição de tais agendas pelos gestores dos países levam ao pensamento da possibilidade de que alguns se beneficiem do status quo e, portanto, impeçam mudanças, buscando, embora inconscientemente, assegurarem-se apenas do direito de serem os últimos a morrer de fome.
O Brasil, apesar de não ser analisado no livro como um “caso” e ser citado só de passagem, – um dos países com menor densidade demográfica por área de terra agricultável em todo o Planeta, com grande oferta de recursos hídricos e de biodiversidade – apresenta grande potencial nesse campo; noutras palavras, a vantagem comparativa do Brasil nesse setor é das maiores do mundo! Explorar racional e estrategicamente as vantagens comparativas tem sido, há séculos, o caminho do “sucesso”, de países e de empresas. As análises nesse sentido constituem hoje fronteira do debate sobre desenvolvimento econômico. Embora a produção de biocombustíveis seja importante, desenvolver a produção de álcool e de biodiesel, tomando-as como exemplo de “desenvolvimento sustentável”, é política tímida demais em face da gravidade e urgência do problema global e das possibilidades derivadas de seu enfrentamento.
Então, por que se pratica no Brasil políticas que não se preocupam com o meio ambiente? Provavelmente, as vantagens ambientais desfrutáveis pelo Brasil sejam percebidas como recursos inesgotáveis e permaneçam, como tem sido, em processo de degradação. Se assim for, infelizmente, a data do esgotamento chegará, e já nossos filhos e netos viverão em ambientes piores que os nossos.
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Ainda há uma falácia sobre os recursos inesgotáveis do Brasil e a nova geração (não tão nova assim) acredita que não vai ver isto… Só que é mentiroso, a gente já eprcebe estas mudanças há algum tempo… Boa dica de leitura! Valeu .o/
PS.: Marildinha sempre maravilhosa em suas dicas de leitura! Sou tão fã … <3