Peixes com potencial para aquariofilia é tema de estudo desenvolvido pela parceria entre Projeto Bichos do Pantanal e a UNEMAT

Desenvolver tecnologias de criação de peixes em ambientes controlados é um dos objetivos à frente da pesquisa.

Foto: Divulgação

Na semana em que se comemora o Dia do Pescador, no próximo dia 29 de junho, a Aquariofilia, também conhecida como aquarismo, é homenageada pelo Projeto Bichos do Pantanal, realizado pelo Instituto Sustentar e patrocinado pela Petrobras, por meio do programa Petrobras Socioambiental.

Os peixes de aquário – ou peixes ornamentais – do Pantanal como alternativa de renda, é tema de um guia prático em desenvolvimento, fruto da parceria entre UNEMAT e projeto Bichos do Pantanal “Um dos objetivos do estudo é desenvolver tecnologias de criação de peixes ornamentais em ambientes controlados, e levar ao conhecimento de pescadores profissionais, guias de pesca, criadores, comerciantes ao público geral interessado, por meio de um manual de práticas inovadoras e sustentáveis da atividade, e que sirva de base para educação ambiental e para o desenvolvimento do potencial da aquariofilia na região”, comenta Jussara Utsch, diretora do Instituto Sustentar. “Quando praticada de forma sustentável, legalizada e sem agressão ao meio ambiente, a captura de peixes de aquário pode se tornar uma fonte de renda para a população local, além de diminuir a pressão de pesca sobre espécies já bastante explorada no pantanal”, finaliza.

A ideia de estudar o potencial da aquariofilia na região surgiu a partir da “Rede de Cooperação” do Projeto Bichos do Pantanal, composta pelas lideranças locais de diversos setores da sociedade, que tem foco na busca de alternativas sustentáveis para o desenvolvimento econômico local.

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Técnica milenar com registro de quase quatro mil anos no Egito antigo, nos dias atuais, a aquariofilia é também bastante conhecida e praticada como forma de terapia para combater o stress cotidiano. Manter um peixe em casa cria uma ligação com a natureza, acalma quem o observa e embeleza a sala. “Mas a prática deve ser levada a sério”, explica Claumir Cesar Muniz, doutor em ecologia e recursos naturais, pesquisador da UNEMAT e coordenador de Ictiofauna do Projeto Bichos do Pantanal. “Hoje, os peixes utilizados no aquarismo são provenientes das pisciculturas ornamentais. A prática mais sustentável e indicada é a pesca devidamente regulamentada na natureza, por onde são adquiridas matrizes saudáveis e com características desejadas, como formas e cores”, prossegue o especialista.

De acordo com a observação do pesquisador, essas matrizes reproduzidas em cativeiro são utilizadas para produção de novos espécimes, os quais se adaptam mais facilmente ao cultivo em aquário. “Desta geração nascem os filhotes que, por sua vez, serão selecionados e adequados para comercialização. Isso cria o incremento de tecnologia necessária que permite aos amantes dessa prática e aos pescadores profissionais se engajarem na atividade pesqueira sem abrir mão da sustentabilidade”, comenta Muniz. Ele ressalta ainda que é preciso fomentar esse tipo de atividade enfatizando, rigorosamente, que jamais se deve partir para o extrativismo, algo que se praticado pode resultar num colapso de muitas espécies importantes na manutenção do equilíbrio ecológico no ambiente pantaneiro.

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As espécies de peixes no Pantanal

Muniz conta que há quase 300 espécies de peixes já identificadas no Alto Pantanal.  Dentre elas, o pacu, o pintado e a piraputanga são bastante comercializadas para alimentação. Outras como o lambari e a tuvira – um peixe elétrico do Pantanal – são conhecidas e utilizadas pelos pescadores locais como iscas vivas para captura de espécies maiores.

As pequiras – termo usado para se referir a um conjunto de pequenos peixes – têm um grande apelo para aquariofilia, principalmente pelos padrões de cores que estas espécies apresentam. Entre elas destacam-se o tetra-preto e alguns pequenos lambaris. Essa abundância de espécies pantaneiras remete ao potencial de desenvolvimento do aquarismo no Pantanal. 

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Aquarismo é coisa séria!

Para criar os peixes em ambientes não naturais, é imprescindível conhecer e respeitar as recomendações técnicas que regem essa prática para evitar danos irremediáveis ao meio ambiente. Um exemplo disso, é a introdução e consequente invasão de espécies alóctones (espécies com ocorrência em outra bacia ou região) e/ou exóticas (espécies com ocorrência em outros países). Em um ecossistema, há diversas interações. Quando uma espécie é introduzida em um ambiente que não é o seu por natureza, ela irá fazer o máximo para se estabelecer ali. “A partir desse momento, todas essas interações ecológicas que aconteciam com as espécies nativas, vão acontecer com o peixe de aquário. Devido a maioria das espécies ornamentais serem generalistas (que apresentam hábitos alimentares variados, alta taxa de crescimento e dispersão; tolerantes e capazes de aproveitar diferentes recursos oferecidos pelo meio ambiente) e possuírem características reprodutivas ‘superiores’, elas irão se estabelecer com facilidade e isso vai gerar impactos negativos nesses ecossistemas, podendo levar a extinção local de espécies nativas, e até esgotamento de recursos naturais”, explica Muniz.

Por isso, é de responsabilidade do aquarista impedir que sua fauna alcance os ambientes naturais e causem esses danos. Ao adquirir um peixe, um invertebrado ou uma planta é necessário ter em mente tudo que pode acontecer com eles enquanto estiverem sob sua tutela. “Agindo com responsabilidade, esse hobby que está em pleno crescimento no país pode se desenvolver ainda mais, gerando emprego, renda e popularidade para as espécies nacionais, além de divulgar a ciência, auxiliar na preservação e educação ambiental. Em breve, lançaremos o manual completo com informações técnicas sobre cada espécie de peixes, destacando os prós e contras da aquariofilia”, finaliza Muniz.

Daiane Santana

Daiane Santana é a idealizadora do Portal VivoVerde, nasceu em Minaçu/GO e atualmente reside em Parauapebas-PA e há 15 anos escrevo neste site. Sou formada em Engenharia Ambiental, pela UFT – Universidade Federal do Tocantins, pós-graduada em Gestão de Recursos Hídricos e Engenharia de Segurança do Trabalho. Atuo como consultora, ministro treinamentos nas áreas de meio ambiente, segurança do trabalho quando dá tempo. Contato: portalvivoverde@gmail.com | Twitter - @VivoVerde | Instagram: @DaianeVV | 063999990294

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