Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste comemora 20 anos de ações em favor do meio ambiente
Por duas décadas, o Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste – Cepan tem trabalhado com amparo no conhecimento científico e gerado soluções para a conservação da biodiversidade brasileira.
Em meio a um cenário alarmante de perda de biodiversidade, aumentos sem precedentes nas taxas de desmatamento e a crise climática em que o planeta vive, o dia 26 de setembro é uma data especial, pois o Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste (Cepan) completa 20 anos de atuação em prol da conservação da biodiversidade brasileira. Com sede no Recife (PE) e filial no município de Governador Valadares (MG), a instituição tem contribuído para mitigar os danos que as ações antrópicas têm causado à natureza.
A atuação do Cepan é diversa: elabora projetos executivos, estudos técnicos, executa projetos de conservação e de restauração florestal, editora publicações, capacita pessoas, sempre amparado nos alicerces do conhecimento científico. Seus principais trabalhos são desenvolvidos nos biomas Mata Atlântica e Caatinga, também já tendo atuado no Pantanal, na Amazônia, em áreas Costeiras e Marinhas, além de espaços urbanos com áreas relevantes para ações de conservação.
Em duas décadas, o trabalho do Cepan para a Mata Atlântica soma melhorias em mais de 200 mil hectares mapeados para planejamento da paisagem; 350 hectares restaurados e/ou em processo de restauração; e outros 90 monitorados. O intuito é reverter o desmatamento acelerado do bioma – foram 14.502 hectares de Mata Atlântica perdidos apenas entre 2018 e 2019, segundo o relatório Atlas da Mata Atlântica, divulgado em maio pela Fundação Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Ao lado de outras instituições, através do movimento Pacto pela Restauração da Mata Atlântica, o Cepan já promoveu o plantio de 2 milhões de árvores nativas do bioma. Além disso, a instituição concretiza ações práticas para apoiar, implementar e auxiliar a gestão de áreas protegidas, as conhecidas Unidades de Conservação (UCs). Em toda sua história, a instituição contribuiu em mais de 80 UCs de diferentes características e necessidades – uma área total equivalente a mais de 100 mil campos de futebol.
Já na Caatinga, o Cepan tem atuado com o mapeamento de áreas degradadas, como na Chapada do Araripe; e auxiliado na criação de novas áreas protegidas, como os Refúgios de Vida Silvestre (RVS) Tatu-bola e Serra do Giz. A conquista mais recente, em agosto, foi a aprovação do projeto de criação do Monumento Natural Serra do Pará, em Santa Cruz do Capibaribe, que contou com estudos do Cepan. Os dados levantados mostram que a Caatinga é um dos biomas mais ameaçados da atualidade, com cerca de 20% de sua totalidade em processo ou suscetível à desertificação.
Através de um Programa de Políticas Públicas Ambientais, a organização se engaja ainda por deixar sua contribuição especializada a debates e projetos. Em 2016, a organização, que também atua na formulação de políticas públicas ambientais, assinou a coordenação técnica para a elaboração da Lei que institui a Política de Pagamentos por Serviços Ambientais em Pernambuco. Graças à medida, o Estado pode dialogar com propriedades rurais privadas e oferecer incentivo para garantir a preservação ambiental nesses territórios.
O trabalho é árduo e acontece nos bastidores. Equipe pequena, visitas de campo, muita pesquisa e diálogo com diversas instituições até que os resultados se concretizem e venham a público. Figuram ainda na trajetória do Cepan: a publicação de livros técnicos e artigos, provendo democratização do conhecimento; e a realização de oficinas e cursos especializados na temática de conservação, que têm continuidade de forma online mesmo durante a pandemia da Covid-19. O Núcleo de Formação em Ciência & Tecnologia Ambiental do Nordeste, braço formativo do Cepan, já levou capacitações de diversos temas de expertise da organização a mais de 2 mil profissionais, professores e pesquisadores de todo o Brasil.
Para os próximos anos, a organização visa ampliar suas atividades, endossando a participação social na conservação da biodiversidade. O Cepan enxerga que, para ir além, a grande população deve ser instruída e despertada para se juntar à causa. Atualmente, o Cepan em parceria com a Fundação Renova, por exemplo, visa a estruturação de uma Rede de Sementes e Mudas nativas da região da Bacia do Rio Doce (MG) para contribuir para o alcance das metas de restauração florestal da região por meio da participação social.
Em outra iniciativa, entre 2017 e 2019, Cepan e Agência Estadual do Meio Ambiente de Pernambuco (CPRH) conduziram juntos uma formação para cerca de 150 agentes ambientais populares em unidades de conservação – áreas naturais legalmente protegidas. Pessoas comuns que se tornam protetores do meio ambiente, e mostram que cuidar da natureza é dever de toda a sociedade.
A TRAJETÓRIA – Foi no ano de 2000 que um grupo de professores e estudantes de pós-graduação oriundos da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) se uniram a fim de criar uma agenda efetiva de proteção e recuperação ambiental. Hoje, o Cepan, uma instituição privada sem fins lucrativos, organização da sociedade civil, é referência técnica no Brasil na elaboração e condução de projetos que visam salvaguardar a biodiversidade – envolvendo fauna, flora, clima, recursos hídricos e a própria relação do homem com esses elementos.
As ações do Cepan acontecem através de apoio de outras organizações da sociedade civil, do poder público, e também por meio de parcerias com instituições nacionais e internacionais, bem como na participação em plataformas de financiamento. São esses apoios que garantem a longevidade e diversificação dos projetos realizados, com o intuito de alcançar a missão da organização – gerar e divulgar soluções estratégicas para a conservação da biodiversidade mediante ciência, formação de recursos humanos e diálogo com a sociedade.
“Ao longo desses 20 anos, o Cepan tem contribuído para a consolidação e abertura de novas frentes de ações de conservação de biodiversidade para vários ecossistemas do Brasil. Trabalhando do planejamento à execução, conseguimos deixar um legado e contribuir significativamente para a reversão do quadro de degradação dos ecossistemas brasileiros. Uma alegria enorme essas duas décadas de atuação tendo a ciência como a nossa principal bússola de trabalho”, ressalta Severino Ribeiro, Presidente e Diretor do Cepan.
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