Saiba o que é a moda ecofashion/eco-friendly e conheça 18 tipos de tecidos sustentáveis

Ontem aconteceu o Baile do MET, que é um evento anual de angariação de fundos para Metropolitan Museum of Art Costume Institute, em Nova York. Este ano teve como homenageada uma das estilistas mais ousadas e transgressoras da história: Rei Kawakubo!

Mas quem nos interessa mesmo é a top model e brasileiríssima Gisele Bündchen que simplesmente surgiu lindíssima ao lado de seu marido e com um vestido “sustentável“, isto mesmo! Espia só:

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Imagem: Site Elle

A top brasileira decidiu não sair de sua zona de conforto e apostou em um modelo mais minimalista de Stella McCartney, criado pela estilista dentro do Green Carpet Challenge, com seda orgânica certificada. (Elle)

Mas o que seria uma seda orgânica e o que leva um vestido a ser chamado de sustentável? Fui procurar… E encontrei tecido de tudo quanto é tipo. Hoje é normal ouvirmos falar sobre tecidos diferenciados e a indústria têxtil também aderiu à tendência de incentivo a preservação da natureza.

Em diversas partes do mundo despontam iniciativas visando à criação de tecidos ecologicamente corretos e biodegradáveis.  Enquanto vestimentas que possuem couro e nylon demoram algo em torno de 50 anos para se decomporem de maneira completa no meio ambiente, o segmento chamado de ecofashion, que traz roupas projetadas a partir de composições orgânicas ou reutilizáveis, tem crescido em investimento, fabricação e procura. Vale ressaltar que marcas reconhecidas mundialmente, como Gucci, H&M, Nike e Stella McCartney, e estilistas como Valentino, Tom Ford e Emenergildo Zegna já produzem modelos sustentáveis. No Brasil, as grifes Osklen, Animale, Ronaldo Fraga e Alexandre Herchovitch também já exibiram peças ecologicamente amigáveis.

No caso da Gisele, ela usou um tecido orgânico proveniente da seda. Estes, são tecidos saudáveis, cuja fabricação não compromete a saúde dos produtores nem dos animais, pois não são utilizados agrotóxicos nem pesticidas, garantindo assim a qualidade do ar, água e solo. Por serem na sua maioria antialérgicos, são recomendados para pessoas com peles sensíveis. Os tecidos orgânicos mais conhecidos são: o algodão, a lã, a seda e o cânhamo. A seda orgânica é produzida manualmente, sem utilizar agrotóxicos, e é tingida naturalmente, por meio do uso de pigmentos provenientes da biodiversidade brasileira, como cascas de cebola, folhas de manga e sementes de urucum.

Veja abaixo vários tipos de tecidos sustentáveis:

Tecido de madeira – Sediada em Frankfurt, na Alemanha, a companhia BARKTEX desenvolveu um tecido a partir de casca de árvores que pode ser utilizado na customização de roupas, móveis de design de interiores. Cultivado em fazenda certificadas de Uganda, o produto é extraído de uma espécie de figueira chamada de mutuba, com possibilidade para convertido em lã, couro e madeira. Os idealizadores do projeto apontam que a manufatura do item demanda baixo consumo de água e energia elétrica.

Fibras de proteína de leite – Atualmente, a Alemanha descarta aproximadamente 1,9 tonelada de leite por ano, porém, enquanto isso, são desperdiçadas cerca de 360 mil toneladas de leite na Inglaterra anualmente, conforme a Universidade de Edimburgo, no Reino Unido. Em grande parte, a eficiência germânica se deve à criação da empresa Qmilk, que utiliza caseína (uma proteína encontrada na bebida láctea) para a produção de fibras que podem ser usadas na fabricação de roupas, papel, itens hospitalares e até da indústria automotiva. Proveniente de recursos renováveis, 1 kg de fibras demora 5 min para ser feito e consome apenas 2 litros de água.

Tecido adesivo inspirado na lagartixa – Projetado pela Universidade de Massachusetts, nos Estados Unidos, o Geckskin tem uma proposta inovadora, pois, se trata de um tecido adesivo inspirado na pata da lagartixa, ou seja, possui capacidade para aderir a qualquer superfície. Apesar de conter nylon e poliuretano, o material é apresentado com 100% reutilizável e promete não deixar resíduos.

Fibra de bambu – Demonstrando característica termodinâmica, a fibra de bambu é biodegradável e propicia maciez, tornando-se um componente versátil para as quatro estações do ano. Sem necessitar de pesticidas ou fertilizantes, a planta se desenvolve rápido e, portanto, pode ser facilmente implantada no vestuário brasileiro.

Tecidos biológicos – De acordo com os britânicos da BioCouture, consultoria de design pioneira na exploração de materiais com base biológica, outra possível solução para constituição de roupas esportivas e grifes de luxo baixo com impacto ambiental é a expansão do uso de microorganismos (bactérias e fungos) e celulose de algas.

Tecido de garrafa PET – Assim como qualquer artigo de plástico, as garrafas PET também podem ser reutilizadas, tanto que já estão sendo convertidas em fibras para a produção de vestimentas. Quando combinado com algodão, o material fornece tecidos resistentes e confortáveis.

Tecido de Juta – Abundante na região amazônica, a planta juta só precisa de água para ser cultivada e possui aparência similar a de linho. Atualmente, a erva lenhosa está sendo utilizada pela indústria têxtil.

CRAiLAR é uma fibra de linho que drasticamente reduz o uso de produtos químicos e de água. É um tecido que parece e tem toque quase idêntico ao algodão, enquanto ajuda a evitar o ciclo de dano ambiental que o plantio do algodão tradicional faz. O que poderia se sentir mais natural?

Qmilk é uma fibra natural e renovável 100% derivada de uma proteína de leite coalhado. (Sim, tal como o leite em sua geladeira) O resultado é um tecido semelhante a seda, mas bem menos caro, ao mesmo tempo que suficientemente durável para suportar lavagem e cuidado. Qmilk é naturalmente antibacteriano e pode regular a temperatura, tornando-o ideal para esportes e activewear.

Econyl é um tecido reciclado da Aquafil que utiliza 100% dos resíduos das redes de pesca feitas de nylon. A inovação tem sido amplamente comemorada por aqueles que estão querendo uma opção de nylon reciclado desde que o poliéster reciclado tornou-se disponível anos atrás. O estilista Kelly Slater usa o tecido Econyl para sua marca Outerknown da mesma foram que a marca espanhola Ecoalf e a italiana Wave-O. O tecido Recyclon é fabricado pela Repreve e é feito de garrafas pet recicladas e é utilizado nas coleções da marca esportiva Patagonia.

S.Cafe é uma nova fibra fabricada de Taiwan que recicla as borras do  café. Grandes nomes como North Face, Puma e Timberland já estão usando o tecido, enquanto empresas  como Starbucks são alguns dos fornecedores. Aparentemente o café tem propriedades para mascarar os odores naturais do corpo sem deixar cheiro nas roupas. Diz-se que  as borrasde café requerem menos energia no processo de fabricar  a fibra do tecido, tornando-se uma alternativa mais sustentável aos tecidos tradicionais.

EcoCircle é um tecido feito de PET à base de plantas. A nova fibra contém 30% da cana, que substitui 30% do óleo necessário para o poliéster tradicional. Teijin, a empresa por trás da fibra, disse que o tecido tem um sistema de reciclagem em circuito fechado no final da sua vida útil. A Nissan é uma das primeiras empresas a usar o tecido para o estofamento do seu carro elétrico Nissan Leaf em 2014.

Evrnu é uma nova tecnologia inovadora que promete reciclar resíduos de vestuário de algodão para criar uma fibra renovável de qualidade. Mais de 12 milhões de toneladas de resíduos de vestuário são eliminados a cada ano nos EUA. A Evrnu emergiu uma nova forma de pensar sobre a indústria do vestuário e têxtil, por especialistas têxteis que adoram moda. A equipe Evrnu está atualmente trabalhando para trazer a tecnologia para uma escala maior.

Seacell e uma fibra derivada da polpa de madeira ( Liocel) e algas que, de acordo com o seu fabricante Smartfiber AG, tem propriedades protetoras e anti-inflamatórias na pele, estimulando o metabolismo. É como se suas roupas estivessem vivas! Além do tecido a Seacell tem um colchão cuja tampa removível contém partículas microscópicas de fibra de algas marinhas que ajudam na regeneração celular, segundo a empresa.

Lenpur é um tecido biodegradável feito da árvore do pinheiro branco, e “oferece o conforto de seda e o toque de cashmere que dá leveza a roupa.” A Lenpur afirma que é um fibra acima das outras fibras de celulose devido a sua suavidade, sua capacidade de absorção e capacidade de liberar a umidade, e sua capacidade de sustentar uma gama térmica mais elevada para mantê-lo fresco no verão e quente no inverno. O fio de Lenour é usado em roupas, jeans, roupas íntimas, meias e acessórios para casa.

Liocel é uma fibra celulósica extraída da polpa de madeira utilizando processos livres de produtos químicos. Os solventes não tóxicos que são utilizados na sua produção são em seguida, reciclados, gerando um processo de fabricação com muito pouco subproduto. (No entanto, parece que ele ainda usa uma tonelada de energia, por isso não é perfeito.) Ele pode ser misturado com outras fibras para criar tecidos como SeaCell (Liocel e alga, mostrado acima) e Hempcel (Liocel e Cânhamo).

Tecido de soja é um tecido sustentável 100% biodegradável pouco conhecido e é feito a partir de resíduos de fabricação de tofu. A proteína de soja é liquefeita e, em seguida, esticado em fibras longas, contínuas que são cortadas e processadas como qualquer outra fibra de fiação. Porque a soja tem alto teor de proteína, o tecido é muito receptivo a corantes naturais, por isso não há necessidade de corantes sintéticos. A fibra de soja é macia, delicada e mais resistente que a seda e o algodão, e como é completamente natural, também é biodegradável.

tecido de urtiga pode ser o tecido mais sustentável de todos. O tecido de urtiga produz uma fibra têxtil excepcionalmente forte, elástica, suave e naturalmente retardadora de fogo. O uso de urtigas para tecido remonta à Idade do Bronze na Dinamarca, onde as fibras de urtiga foram encontrados em locais de sepultamento.

Viu com quanta “coisa” dá para fazer um tecido sustentável? Eu já tive a oportunidade de ter tecidos feito em PET e juta (um tênis da Havaianas). São bem legais, muita gente fala que às vezes o tecido de PET da a impressão de “quente”, porém não é este o caso, vale muito a pena conhecer ou pelo menos escolher por tecidos provenientes destes materiais! Você tem? Comente aí .o/

Fonte: Pensamento Verde | Elle

 

Daiane Santana

Daiane Santana é a idealizadora do Portal VivoVerde, nasceu em Minaçu/GO e atualmente reside em Parauapebas-PA e há 15 anos escrevo neste site. Sou formada em Engenharia Ambiental, pela UFT – Universidade Federal do Tocantins, pós-graduada em Gestão de Recursos Hídricos e Engenharia de Segurança do Trabalho. Atuo como consultora, ministro treinamentos nas áreas de meio ambiente, segurança do trabalho quando dá tempo. Contato: portalvivoverde@gmail.com | Twitter - @VivoVerde | Instagram: @DaianeVV | 063999990294

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