Industria utiliza pneus para gerar energia na produção de cimento

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Coprocessamento avança 374% na indústria cimenteira do Brasil em 14 anos – De acordo com os números da ABCP, o volume coprocessado pelo setor atingiu 1,12 milhão de toneladas. A Votorantim Cimentos é a pioneira no uso da tecnologia no país

 

Os números da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) evidenciam o crescimento do coprocessamento de resíduos no setor, apresentados no relatório Panorama do Coprocessamento Brasil 2015, produzido pela entidade. De acordo com o estudo, o volume coprocessado em 2014 representa a eliminação de um passivo ambiental de 1,12 milhão de toneladas, incremento de 374% em relação ao ano 2000.

 

Pioneira no país, a Votorantim Cimentos implantou a tecnologia em 1991 e atualmente é responsável por mais de 50% de todo o volume de resíduos coprocessados pelo setor.

 

O coprocessamento é utilizado de duas formas no setor. Uma delas corresponde ao uso de pneus descartados e resíduos triturados de diversos setores industriais – borras oleosas, resinas, látex, materiais impróprios para reuso, tecidos e até coco de babaçu – como alternativa sustentável ao uso do coque de petróleo (CVP), combustível não renovável derivado do petróleo. O coque se destina à produção de energia fabril na fabricação do clínquer, uma das principais matérias-primas do cimento e extraído do calcário.

 

A outra forma de coprocessamento é a substituição do ferro pelo chamado pó de aciaria. Neste caso, o resíduo do processo de siderurgia é usado como matéria-prima na indústria cimenteira, contribuindo para tornar o processo fabril mais ecoeficiente. Nas duas situações, o coprocessamento evita a destinação inadequada de lixo industrial e reduz a emissão de dióxido de carbono (o CO2, conhecido como gás carbônico), um dos maiores responsáveis pelo aquecimento global.

 

Em 2014, 37 unidades – 62% do parque industrial cimenteiro no Brasil – estavam licenciadas para o coprocessamento de resíduos. Numa avaliação mais detalhada, o relatório da ABCP aponta que os materiais coprocessados com potencial energético, em 2014, representaram 80% do volume total (891 mil toneladas). Enquanto isso, aqueles usados como substitutos de matérias-primas somaram 20% do volume (231 mil toneladas). Entre os resíduos reaproveitados pelo setor, o maior destaque são os pneus, que constituíram 24% (265,5 mil toneladas) no período. Esse volume equivale a 53 milhões de pneus inservíveis retirados do meio ambiente.

 

Juntamente com a contribuição para a gestão e eliminação de resíduos, o coprocessamento tem um outro impacto positivo em termos de sustentabilidade: a substituição térmica, com a redução nas emissões de CO2. Em 2014, a substituição térmica na indústria cimenteira do Brasil obtida graças à solução chegou a 8,1%. Além da contribuição decisiva para a superação de desafios ambientais e urbanos, a tecnologia, ao apostar na destinação correta de pneus, reforça a luta contra o Aedes Aegypti, um dos maiores vilões na epidemia de doenças como dengue, chikungunya e zika.

 

O meio ambiente agradece. Afinal, além da substituição ao combustível fóssil e matérias-primas na fabricação do cimento, o coprocessamento elimina completamente os novos passivos ambientais que seriam depositados em aterros.

 

Há pouco mais de 25 anos, a tecnologia passou a ter uma lei própria, a Resolução Conama 264/99. A resolução dispõe especificamente sobre o licenciamento de fornos rotativos de produção de clínquer para atividade de coprocessamento de resíduos.

 

Esses resultados mostram que o coprocessamento no país avança e sem risco de retrocesso. Os números do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) também apontam nessa direção. Em 2014, segundo o Ibama, o volume de pneus inservíveis destinados a diversos usos no país chegou a 544,6 mil toneladas, das quais 300,5 mil toneladas são referentes ao coprocessamento na indústria do cimento e outros setores.

 

Protagonista

 

A Votorantim Cimentos, comprometida em escala mundial com a redução na emissão de CO2, se consolida como protagonista no coprocessamento e referência do setor no Brasil. A companhia vem ampliando o aproveitamento de resíduos para a geração de energia no processo produtivo e substituição de matérias-primas.  A Votorantim Cimentos coprocessa aproximadamente 600 mil toneladas de resíduos por ano.

 

Semace

 

A Superintendência do Meio Ambiente do Ceará (Semace) apoia a tecnologia e outras soluções para destinação de passivos ambientais. “A superintendência, por meio do seu licenciamento ambiental, vem incentivando as indústrias a darem o destino e disposição ambientalmente correta para todos os resíduos gerados nos processos industriais através do Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos Industriais, o PGRSI”, destaca a autarquia. “O coprocessamento é uma disposição final ambientalmente adequada dos resíduos, principalmente para os resíduos perigosos”, acrescenta.

 

A superintendência ressalta que o coprocessamento na fábrica da Votorantim Cimentos em Sobral atende a todas as exigências legais. “A unidade está licenciada pela Semace para fazer o coprocessamento de diversos resíduos. A lista inclui revestimento gasto de cubas, pneus inservíveis, tiras de borracha, refilas de couros, pó da rebaixadeira, borra de fundo de tanque de combustíveis, sólidos contaminados com óleos ou graxas, borra de tinta, poeira de jateamento e pó de aciaria”, detalha a Semace.

Sugestão de infográfico

 

O coprocessamento na indústria de cimentos no Brasil*
Plantas licenciadas para adotar o processo 37
Quanto representam do parque cimenteiro nacional 67%
Passivo ambiental eliminado 1,12 milhão de toneladas
Materiais coprocessados para produção de energia 891 mil toneladas (80%)
Materiais coprocessados para substituição de matérias-primas 231 mil toneladas (20%)
Destaque entre os materiais coprocessados Pneus inservíveis, com 265,5 mil toneladas (24% do total)
Volume de pneus inservíveis retirados do meio ambiente 53 milhões
Substituição térmica proporcionada pela tecnologia 8,1%

 

*Fonte: Panorama do Coprocessamento Brasil 2015, produzido pela ABCP, com base nas informações de 2014

Daiane Santana

Daiane Santana é a idealizadora do Portal VivoVerde, nasceu em Minaçu/GO e atualmente reside em Parauapebas-PA e há 15 anos escrevo neste site. Sou formada em Engenharia Ambiental, pela UFT – Universidade Federal do Tocantins, pós-graduada em Gestão de Recursos Hídricos e Engenharia de Segurança do Trabalho. Atuo como consultora, ministro treinamentos nas áreas de meio ambiente, segurança do trabalho quando dá tempo. Contato: portalvivoverde@gmail.com | Twitter - @VivoVerde | Instagram: @DaianeVV | 063999990294

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