Vou me embora pra pasargada!
“Vou-me embora pra pasárgada! Lá, sou amigo do Rei!”
Os versos de Manuel Bandeira são, a partir de hoje, o meu passaporte livre de alfândegas, aduaneiras e postos de fiscalização no combate a muambas para os Estados Unidos da América. Os versos, meu novo documento, me orientam a encaminhar todos os meus projetos de destruição ambiental, que guardo no cerne do meu entendimento de nortista. Ora, como todo bom brasileiro bem sabe (ou bom indígena dependendo da visão de quem me coloniza e que me dá espelho de presente) esse sentimento destrutivo não se restringe, apenas, às queimadas ocasionais e esparsas pelo meio do cerrado e que acabam tratadas como aspecto cultural. Como nortista sei que no coração de pedra que hoje me rege, desde que fui re-inserido como ser humano que existe de fato no meio das discussões nacionais da integralidade militar territorial na região norte, sei que o negócio de defesa de ambientalismo é coisa que não dá dinheiro afora SUDAM, Madeireiras e Mineradoras.
Pra chegar ao meu ato de transgressão diplomática, como bom indígena que poderia pensar que era, sei, hoje, que nem só de espelho se vive a relação colonizadora, mas também de todo escalpo que sobra na mão do guerreiro.
Ora, eu digo isso porque ao constatar que, no Tocantins, o Jalapão é uma casa aberta a quem tem força pra impor suas causas, acabei ficando, por um momento, perplexo; mas depois de um arrabalde de civismo, parti pra anestesia.
Levantei de ímpeto, do lugar onde estava sentado sobre meu conformismo, tomei o livro da estante, folhei Bandeira até Pasárgada e lembrei que tudo se pode se se é amigo do Rei.
Tal lá como cá, quero o mesmo direito de fincar a flâmula do meu povo em terra alheia em nome dos Maias, Astecas, Incas, Xerente, Kaiapó… Quero desbravar – com meus contêineres de compensado, meus alojamentos de adobe e palha e meu reservatório com água coletada na cacimba com todos os ovos de amarelão e dengue possíveis – todos os santuários estadunidenses. Ou pelo menos os que por lá sobraram. Quero ir, com passaporte nas mãos, meus amigos munidos de moto-serras, mercúrio, dragas e bateias de um lado e todo o relaxamento diplomático que possa esperar ter no lado de lá da fronteira, mostrar, via telex, para os sulamericanos, que posso brincar, também, de Pitfall um bandeirante do Esporte Alternativo onde a maior esmeralda que se conquista é a falta de soberania de um povo!!
Se, por um acaso, meu choro pelo jogo limpo não convencer órgãos ambientais daquele lugar, faço valer minhas memórias mais fortuitas para lembrar a cada um dos companheiros de reality shows que meu desespero não é em vão. Afinal, os números falam por si só – afinal, somos experts em matéria de destruição:
Um estudo, elaborado pela UnB, aponta que o país não tem cumprido a meta de integrar os princípios de desenvolvimento sustentável nas políticas e programas nacionais e de reverter a perda de recursos ambientais. Entre 1990 e 2000, o Brasil perdeu por ano, em média, 2,3 milhões de hectares de cobertura vegetal. Em 2003, 36,85% do território brasileiro não tinha mais essa cobertura.
Mais. O Brasil, que abriga alguns dos ecossistemas mais importantes do mundo e cerca de 20% de toda a biodiversidade conhecida do planeta, vai falhar no cumprimento do Objetivo do Milênio ligado ao meio ambiente se não intensificar as melhorias registradas na última década e se não alterar o processo de degradação ambiental.
Já um estudo divulgado pelo IBGE, mostra que o crescimento das queimadas e incêndios florestais promovidos para transformar a mata nativa em áreas agropastoris. Somente em 2003, foram detectados por satélite em todas as regiões do país quase 213 mil focos. Para o instituto esse tipo de expansão tem repercussão ambiental negativa, pois “regiões sul e leste da Amazônia compreendem hoje o que se chama de arco de desmatamento e que, se não houver preocupação com a preservação do território da Amazônia esta será a próxima fronteira a ser destruída”.
Ou seja, o mais apressado vai me acusar de xenofobia, de contrário à exposição de nossas terras aos contratos futuros e coisa e tal. Mas, é que me baseio num ensinamento que vem de cima pra poder ter desconfiança de tanta camaradagem ou já esquecemos que por menos, bem menos, Marina Silva foi convidada a deixar o cargo no Ministério do Meio-Ambiente por ter cometido o erro de veja só! cumprir o seu papel de gerir um ministério que tem como função prerrogativa a preservação. Ou seja, se a escala descendente que contagia atos de governos pelo restante do país encontra suporte no governo federal quando o assunto é mandar às favas o rigor da aplicação da preservação, pergunto:
– Por que nos surpreendermos com um pedido tão singelo de entrar com chute na porta e tudo só que bem baixinho pra não causar espanto na casa dos Estados Unidos??
Para um país que não assinou o Protocolo de Kyoto pelo menos pra fingir que se importava com o resto do planeta, uma vez que seu geocentrismo yankee só não é maior do que seu próprio ego não custa nada subverter tudo e mandar às favas os alces, os ursos, as cadeias de montanhas do Colorado, os lagos na fronteira com o Canadá… as cataratas do Niágara.
Ora, por que não?
Tracei meu plano e vou regimentado pra essa aventura: Baterei à porta da governadora do estado do Arizona, Janet Napolitano, e pedirei completa exploração do Grand Canyon. Claro. O plano é simples, mas não menos nocivo. Pedirei suporte local para registro da minha empresa, a “Bananada Beat”, e contratarei mão-de-obra local a custo barganhoso, fecharei o acesso dos gringos a seu próprio patrimônio, encerrando visitações aos desfiladeiros por uma temporada inteira; não contente com isso, farei mais encherei os olhos de nossos espectadores com a nudez integradora, àquele ambiente, das nativas – cherokees e apaches – mais tostadas e em condição de miséria da região, levarei isopores recheados até o talo com cachaça genuinamente artesanal e, por fim, construirei aquela estrutura gigantesca de alojamentos, que citei anteriormente, nas margens de rios e de falhas geológicas ameaçadas pela ação do homem.
Não sei ao certo que resquício que minha passagem deixará no local e nem se a governadora de lá será tão complacente como vemos outros governadores por aí, mas uma coisa eu sei “Vou-me embora pra Pasárgada. Em Pasárgada tem tudo. É outra civilização. Tem um processo seguro de impedir a concepção. Tem telefone automático. Tem alcalóide à vontade. Tem prostitutas bonitas para a gente namorar”.
Nada que não surpreenda a quem já age como Salomé, Messalina e Hetaíra por menos, muito menos.
Tava aqui pensando: Pasárgada deve ser o Jalapão de lá.
Ass: Um colonizado puto da vida
Como já disse anteriormente, no Brasil, tudo pode, tudo é permitido, desde que traga lucro p alguém, não interessa o q estão fazendo, se é um programa ou biotráfico, as consequências de tudo! Ninguém pode entrar nos EUA e fazer o q quer, tanto q querem banir imigrantes de lá, para vc viajar p lá cobram inúmeras coisas…agora todos podem entrar aqui, e usufruir da explorações de menores, fazer pesquisas e tudo mais… quanto a kioto, eles nem estão aí, crescimento, dinheiro é tudo q pensam… tanto que explodiram a economia do país em Bombas no Iraque, kwait e em outras regiães as quais ele se acham donos… eles tudo podem tudo fazem, e nos subdesenvolvidos tudo aceitamos!!!