Pesquisa do Projeto Bichos do Pantanal mapeia distribuição de ariranhas na região
Resultados devem ser usados como base para conservação da espécie.
Estudo sobre as ariranhas, conduzido por um grupo de pesquisadores composto por Douglas Trent e Wilkinson Lopez, respectivamente diretor e assistente de pesquisa do projeto Bichos do Pantanal, realizado pelo Instituto Sustentar e patrocinado pela Petrobras, por meio do programa Petrobras Socioambiental, levantou a área de ocorrência dos animais no Pantanal Norte e seus resultados devem ajudar na conservação da espécie, considerada ameaçada de extinção em nível nacional, e já extinta na Argentina e Uruguai.
As ariranhas – mamíferos aquáticos (água doce) e carnívoros – estão concentradas no Alto rio Paraguai (Pantanal), região amazônica, e em pequenas áreas de cerrado da Bacia do Araguaia-Tocantins. De acordo com Trent, a pesquisa focou na identificação de sua população base e distribuição espacial da espécie, no rio Paraguai (Pantanal Norte), entre a cidade de Cáceres-MT e a Estação Ecológica de Taiamã, com a finalidade de fornecer dados que possam ser usados para a conservação destes animais” completa Trent.
A metodologia de pesquisa utilizou registros fotográficos, filmagens e gravações de vocalização (nome dado ao som produzido por um animal). ”Com as fotos, conseguimos identificar os indivíduos dos grupos de ariranhas utilizando os padrões de manchas nos pescoços desses mamíferos, que é único em cada ariranha, como uma impressão digital”, ressalta Trent.
Uma das conclusões do estudo foi demonstrar a importância de áreas com menor impacto humano para a manutenção de populações de ariranhas no rio Paraguai. “Por essa razão, sugerimos a necessidade de um esforço de pesquisa concentrado sobre a mitigação dos impactos de ações humanas nas populações de ariranhas”, comenta Wilkinson Lopez.
Entre as características mais marcantes da espécie está seu comportamento social, sua vivência em grupos. “As ariranhas são animais territorialistas, curiosas e comunicativas. Uma vez que avistam algo diferente, sua reação é se aproximar para averiguar, erguendo o pescoço e emitindo sinais de vocalização de alerta. Percebendo que não há risco ao grupo, a tendência do animal é o relaxamento e distanciamento”, explica Lopez.
Como qualquer animal silvestre, é preciso cuidado ao encontrá-las
Segundo os especialistas, respeitar o habitat delas é a forma mais sensata para evitar incidentes no meio natural. A recomendação para os turistas e observadores do animal é que, ao se depararam com ariranhas, permaneçam em silêncio, sem movimentos, sobretudo bruscos, e jamais se banhe próximo a locais que tenham filhotes. Não alimentá-las é outra ressalva que vale destacar como meio de segurança. Isso porque para receber os alimentos elas vão se aproximar, ato que pode resultar em acidente. As ariranhas, naturalmente, não são agressivas, mas podem reagir sob instinto diante de situação onde se sentem ameaçadas.
Embora a tendência desses animais não seja o enfrentamento direto, quando estão com filhotes, as ariranhas fêmeas tendem a ter comportamento de proteção das crias e podem lutar quando confrontadas ou quando os limites de tocas e acampamentos são transpassados.
“Incidentes com ariranhas são raros e, para a América do Sul, apenas um estudo científico cita o seu ataque a humanos em ambiente natural”, finaliza o pesquisador.