E aí? Como vai o desenvolvimento do país nestas #eleições2018?
“O Brasil não suporta ter mais de 50% do território demarcado como terras indígenas, como áreas de proteção ambiental, como parques nacionais. Atrapalha o desenvolvimento”.
Essa aí foi mais uma daquelas frases de efeito utilizadas pelo inominável candidato que demonstram o seu total despreparo para presidir um país como o Brasil. Dizer que as áreas protegidas atrapalham o desenvolvimento do país é uma conclusão rasa e sem fundamento. Isso por que não se leva em consideração que estas áreas protegidas significam sobrevivência também para os centros urbanos. É destas áreas que vem a água que nós consumimos nas cidades.
No Brasil, 80% da energia produzida por hidrelétricas contam de alguma forma com a água preservada pelas unidades de conservação. A conta é fácil. Menos áreas protegidas = a menos água = menos energia = menos indústria = menos desenvolvimento. Da mesma forma: menos áreas protegidas = menos água = menos produtividade = menos exportações = menos desenvolvimento.
Não se pode deixar de considerar também que as áreas protegidas são as grandes responsáveis pela regulação do clima nas cidades. Estudos apontam que o aumento do desmatamento na Amazônia interrompe o fluxo de umidade do solo para a atmosfera. Assim, grandes nuvens de umidade, responsáveis pelas chuvas, que são transportadas pelos ventos desde a Amazônia até o Centro-Oeste, Sul e Sudeste, não chegam ao seu destino, causando a escassez hídrica. Lembra da continha lá em cima? Sem água = sem desenvolvimento.
Toda a riqueza biológica, cultural, social contida nas unidades de conservação é estratégica para o Brasil e, por óbvio, desperta interesse de muitos outros países no mundo. Por que será então que o candidato não enxerga a Amazônia e sua biodiversidade da mesma forma que ele vê as minas de Nióbio? Pois ambas são quase que exclusividades nossas. Será que é só desconhecimento ou má-fé? Me soa até repugnante por comparar o valor e a importância que o nióbio tem para o Brasil e para o mundo em relação a toda nossa água e biodiversidade, mas serve apenas para demonstrar que o despreparo do candidato é gigantesco.
Soma-se a isso ainda que o impacto do turismo nas unidades de conservação é de mais de 4 bilhões de reais na economia brasileira, apenas um ano. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, a cada real que o governo investe nas unidades de conservação, são produzidos sete reais de benefícios econômicos para a região. O resultado é a geração de renda e de empregos dentro e fora das áreas protegidas. Por isso, atribuir o atraso do desenvolvimento econômico do Brasil à manutenção de áreas protegidas é um pensamento que não faz o menor sentido.
#elenão
#elenunca
Texto de Wallace Lopes – Eng. Ambiental e analista do IBAMA.
Nota: indico lerem o seguinte post ( https://super.abril.com.br/tecnologia/o-avanco-da-soja-no-cerrado-brasileiro-mapeado-pela-nasa/amp/?__twitter_impression=true ) que mostra o avanço da soja!