O Sol como uma das alternativas enérgicas do mundo
Por: Filipêra
Você com certeza lembra do Apagão, e de como Fernando Henrique disse que a culpa não era do Brasil, e sim de São Pedro. Também já deve ter ouvido falar que o petróleo está acabando – alguns dizem 50, outros 60 anos – e de como a energia nuclear é perigosa, podendo gerar acidentes como o de Chernobyl. Olhando para esse quadro, parece que a situação energética do mundo não está indo bem, sendo as únicas alternativas finitas, inseguras e poluentes. O consumo também é descabido: 75% da energia produzida é consumida por 25% da população mundial – o consumo mundial em 2004 era de 14,781 trilhões de de kWh.
Mas saiba que a coisa não é bem como parece. Existem inúmeras alternativas que poderiam abastecer o planeta inteiro com energia limpa, e abundante. Ou você acha que a mesma ciência que é capaz de mandar homens para o espaço e criar celulares do tamanho de um anel não é capaz de se livrar de um combustível fóssil que deve acabar em meio século?!
Os motivos para a não difusão dessas energias limpas variam, e segundo alguns conspirólogos (bastante convincentes, devo acrescentar, como é o caso do povo do Zeitgeist), tudo é causado pelo imenso poderio de empresas petrolíferas, como a Exxon, Texaco, Shell e British Petroleum. Tais empresas, logicamente têm poderosos lobbys no Congresso Americano, em Comissões Mundiais de Energia, bem como em instituições de patentes, para abafar o impacto que invenções relativas a energias seguras sejam difundidas.
Uma das alternativas ao petróleo é o já famoso biodiesel, provindo de biomassas de cana e laranja, aquele da qual Lula tanto fala. Outra alternativa é a energia solar, absurdamente abundante em países tropicais. Mesmo que os painéis da atualidade não sejam tão eficientes quanto gostariam certos setores científicos, uma razoável quantidade deles é suficiente para alimentar todo o globo. As vantagens do uso dela são inegáveis, principalmente aqui no Brasil, onde todo o território nacional está apto para captar energia provinda do Sol.
Mas, bizarramente, os lugares do mundo onde o Sol é mais aproveitado como um bem energético são os países que estão situados em latitudes médias e altas, e que, portanto, recebem menos energia solar. O maior produtor do mundo é o Japão, seguido da Alemanha e EUA. Mas toda a produção mundial, segundo dados de 2004, não ultrapassa 1/5 do produzido por Itaipu, por exemplo. Ou seja: está bastante subaproveitada.
Mas, mesmo com suas desvantagens (como os preços ainda elevados, e a baixa eficiência das células fotovoltaicas usadas nos painéis solares) é possível alimentar todo o planeta usando somente energia solar, para se ter uma idéia. Não que seja necessário, visto outras excelentes alternativas, mas é um dado interessante, que mostra como existe uma má-vontade crônica de se resolver certos problemas, unicamente por ele jogar os lucros astronômicos de empresas na lona.
Em outros países – com menor potencial, e com menos espaço que o Brasil – existem medidas interessantes que já estão sendo tomadas para se aproveitar o Sol. Por exemplo, na cidade espanhola de Santa Coloma de Gramenet, próxima a Barcelona, não existe um campo apropriado para a instalação dos painéis para captação de energia solar… e a solução foi instala-los em um cemitério. Usando 5% da aérea do cemitério, foi possível abastecer 60 casas, com 462 painéis. Se os governantes locais resolverem usar todo o cemitério para gerar energia, vão conseguir gerar energia para abastecer 1200 casas. E isso somente num cemitério, em somente uma cidade da Espanha.
E em todo o mundo? Quantos de área precisaríamos para instalar painéis e abastecer o mundo inteiro? A resposta está no quadro abaixo:
Na imagem está escrito o seguinte:
Estas 19 áreas contíguas mostram aproximadamente o que seria a responsabilidade razoável para as várias partes do mundo. Elas precisariam ser divididas muitas vezes, quanto mais melhor, para alcançar uma infraestrutura diversificada e o mais localizada possível.
A grande área no deserto do Sahara (1/4 da área necessária para abastecer o mundo em 2030) poderia fornecer energia para toda a Europa e África do Norte. Apesar de grande ela é apenas 18 vezes menor do que a área total do deserto.
Logicamente a ainda pouca eficiência do aproveitamento dessa energia, abastecer o planeta com energia solar, mesmo com inegáveis benefícios para a natureza e nos custos, seria loucamente caro (porém mais barato que a infra-estrutura atual, que fique claro), ficando o estudo mais para mostrar que as alternativas baratas estão aí, e só precisam ser pesquisadas e implementadas.
[Via Gizmodo e HypeScience]
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O Filipêra é um dos nerds integrandes do Blog Nerds Somos Nozes, que para mim, é o melhor blog do gênero. E ele também é meu amigo pro-blogger do ♥.
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Ótimo texto do Filipêra (pra variar).
E Parabéns pelo blog Daiane, ainda não conhecia!
Então, o fato de não usarmos energia solar em larga esacala ainda recai basicamente um um fator… para simplificar: estamos em um mundo “capetalista” e a energia solar é mais cara… se fosse viável certamente algum espertinho já estaria tirando proveito disso para ganhar vantagem (leia-se muito dinheito, poder , etc…)
Parabéns pelo blog não o conhecia, gostei das matérias e já vou olhar como cadastra-lo no meu leitor rss XD
Infelizmente a utilização da energia solar cai contra os impérios atuais, porém devemos SIM falar sobre, fazer barulho e assim talvez possamos mudar mentes e termos mais vozes para defender essa idéia !
Atualmente existem painéis solares bem eficientes, os alemães por exemplo. O problema é que o know-how e technologia para produção de silício puro o suficiente para isso é ainda muito cara, não só pelos processos envolvidos, mas também porque poucos detêm essa tecnologia. O Brasil tem uma das fontes de silício mais puras do mundo, mas para conseguirmos processar esse material na pureza requerida não dá, por isso exportamos a preço de banana!
A produção de energia solar abastecendo em grande parte o mundo é possível, mas existem restrições. Podemos criar estações de reabastecimento de carros elétricos ou estações de produção de hidrogênio para carros, mas carros não conseguirão mover-se exclusivamente pela energia fornecida por estes quando embarcados. Mesmo que sejam carros feitos de materiais muito leves.
A importância da energia solar está ligada diretamente a produção descentralizada de energia e principalmete ao consumo doméstico.
Quando pegamos uma Itaipu, produzimos um horror de energia, mas em compensação perdemos a maior parte desta na transmissão para as areas de consumo. Considere que além de transmitir por linhas de alta-tensão(que tem menor perda) para inúmeras regiões com milhares de km de cabeamentos, temos ainda toda a trasmissão em cidades, onde a energia vai passando por sub-estações e depois transformadores para diminuir a voltagem e serem usadas. Em todo esse processo desaparecem 70% ou mais da energia produzida inicialmente!
A vantagem dos painéis solares é produzir no exato local onde será consumida, sendo armazenada em baterias e depois convertidas de baixa voltagem, corrente contínua para 110V-220V, corrente alternada.
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