Três sambas-enredo campeões sobre natureza
Para especialista, assuntos relacionados ao meio ambiente e à conservação devem estar presentes em agendas políticas, culturais e de educação. O carnaval não deve ficar de fora
A natureza e a conservação do meio ambiente sempre foram fontes de inspiração para vários compositores e carnavalescos. O tema já inspirou sambas de escolas tradicionais que desfilaram pela Marquês de Sapucaí e no Anhembi e trouxeram ao público a importância sobre o debate das questões ambientais.
“No momento em que as manifestações culturais abordam temas relacionados ao meio ambiente, temos a chance de conscientizar mais pessoas sobre o papel da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos para o homem”, explica a ecóloga, professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza, Marcia Marques.
De acordo com a especialista, as manifestações culturais são excelentes momentos para provocar uma reflexão para a conservação da natureza. “Em um país com a maior biodiversidade do mundo, é fundamental que assuntos relacionados ao meio ambiente e à conservação estejam inseridos nas agendas políticas, culturais e de educação. O carnaval, de certa maneira, contribui com isso”, analisa.
Em 2019, a importância da natureza e o alerta para a conservação não estão entre as principais fontes de inspiração para as escolas de samba dos grupos especiais do Rio de Janeiro e de São Paulo. Apenas a Mocidade Alegre sinalizou que retratará o Rio Amazonas em meio à lenda indígena Ayakamaé no sambódromo paulista.
Lista
Falar sobre elementos naturais e a importância da conservação já ajudou algumas escolas a vibrarem com o grito de “campeã”. Conheça três sambas-enredo sobre natureza que conquistaram o público e venceram o carnaval:
1.“Chuê, Chuá, as águas vão rolar” (Mocidade Independente de Padre Miguel – 1991)
No início da década de 1990, a escola de samba de Padre Miguel escolheu como tema o recurso natural mais importante do planeta. A Mocidade falou da água como fonte da vida, o uso no dia a dia e exaltou cachoeiras, mares e rios. Com o samba-enredo, a escola garantiu o bicampeonato na Sapucaí.
“É no Chuê, Chuê
É no Chuê, Chuá
Não quero nem saber, as águas vão rolar.
É no Chuê, Chuê
É no Chuê, Chuá
Pois a tristeza já deixei pra lá!
Da vida sou a fonte de energia
Sou chuva, cachoeira, rio e mar
Sou gota de orvalho, sou encanto
E qualquer sede posso saciar.”
2.“Amazônia, a Dama do Universo” (X-9 Paulistana – 1997)
Nesse samba-enredo, a escola paulista falou sobre os mistérios e a magia que envolve a região amazônica. Relembrou a época da borracha e a exploração das seringueiras. A agremiação também destacou as riquezas naturais da região, como as águas e o guaraná, e provocou uma reflexão sobre a importância da preservação dos recursos naturais.
“É boi-bumbá (olha o boi, olha o boi)
Esse boi é garantido e caprichoso
Descendo o rio de Manaus a Parintins
Tudo isso é maravilhoso.
Temos que usar a consciência
E despertar para um futuro promissor,
Preservando a natureza
Pra nossa vida ter valor.”