ONG Ecoa coloca no ar o “Pantanal Wetland – Solar Energy Isolated Community” projeto financiado pela Fundação Nexans®
A ONG acaba de finalizar o projeto com a implantação de energia na comunidade isolada de Barra de São Lourenço, fronteira entre Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Bolívia e irá beneficiar cerca de 30 famílias e mais de 100 pessoas.
A Comunidade é emblemática, formada por ribeirinhos expulsos há 22 anos do território, da pior maneira possível e que tem como principal fonte a pesca. Todo projeto consolidado na região traz a consolidação e empoderamento deste povo, índios, nosso patrimônio cultural e histórico.
O município de Barra de São Lourenço fica a 216 km de rio (rio Paraguai) da cidade mais próxima, Corumbá, aonde se chega apenas de barco – com as embarcações da comunidade são 24 a 26 horas de viagem, com a freteira (algo como ônibus da comunidade), são 30 horas e de lancha rápida leva-se cerca de cinco horas. Esse distanciamento provoca um isolamento de toda a comunidade e dificuldade no acesso aos recursos básicos de saúde, educação, entre outros.
Grande parte da população utiliza-se de vela ou lamparina para ter acesso à luz e com a implantação do Projeto, além de uma iluminação adequada, a redução de combustíveis será total. Outro aspecto é que com o acesso à luz, as crianças da comunidade poderão estudar a noite, algo que hoje não ocorre. É comum a incidência de animais peçonhentos como cobras dentro das casas e com o acesso à luz poderá reduzir-se acidentes futuros.
O projeto da Ecoa, financiado pela Fundação Nexans, implantou uma usina solar de 4320 Watts de potência em corrente alternada de 220V que possibilitara à comunidade não apenas acesso à luz, mas também a todo um sistema de geração e transmissão de energia que suprirá todo o complexo da comunidade.
O site instalado é composto por um sistema principal com rede de transmissão elétrica e outros 03 sistemas menores para 07 casas mais isoladas. Com o acesso à energia os benefícios disponibilizados à comunidade são, no momento, incomensuráveis.
Um dos problemas relatados por André Luiz Siqueira, diretor da ONG Ecoa e pesquisador na região, é que um dos recursos utilizados pelos pescadores é o uso intensivo de sal para conservação do pescado, principal fonte de alimento e de renda das famílias da comunidade.
“A questão é que, pelo isolamento e o uso de um processo primitivo de conservação, levantamos por meio de pesquisa em parceria com a UFMGS que a região possui 92% de sua população com alto nível de hipertensão – incluindo adultos e crianças”, ressalta Siqueira.
De acordo com ele, o projeto prevê, a partir da implantação da Usina e dos freezers de doados à comunidade, tendencialmente o uso do sal seja reduzido e prevemos que dentro de um ano já tenhamos resultados e indicadores de sucesso em relação à saúde e a outros benefícios trazidos à comunidade a partir da usina.
Os freezers de 410 Litros cada serão usados para o armazenamento da merenda das crianças e o alimento dos professores alojados na escola e para o centro comunitário.
As salas de aulas e o dormitório da escola passarão a contar com ventiladores de 80 ventiladores – a região – o Pantanal – é muito quente e a concentração dos alunos em sala de aula em condições de extremo calor é afetada diretamente – com o sistema, isso será fortemente reduzido. E a usina gerará energia para todo o complexo e o notebook instalado na escola para acesso à internet e apoio aos professores.
Adicionalmente, foram instaladas 60 lâmpadas de LED com 10 watts cada e 5 horas de uso diário.
Disponibilizar energia para comunidades isoladas significa não apenas acesso à luz, à informação, aos recursos tecnológicos, como o acesso à internet e computadores, mas gerar vida em todos os sentidos – possibilitar informação para oferecer educação; acesso à melhor condição humana; melhores condições econômicas para geração de opções de renda e a inserção do indivíduo ao convívio coletivo e ao processo de socialização.
Conforme ressalta André Siqueira, o próprio comportamento associativo/organizacional será aprofundado, já que o projeto na comunidade de São Lourenço prevê a capacitação de monitores, fiscais e a sensibilização de toda a comunidade quanto a operação do sistema. Eles também farão um fundo da associação para manutenção futura e projetos que eles mesmos poderão viabilizar.
Perfil médio da população da Comunidade de Barra de São Lourenço: pescador (33%), isqueiro (38%), diarista (8%), assalariado/empregado (4%), aposentado (0%), dona de casa (13%), lavrador/produtor rural (17%), outro (13%).
Fonte: ECOA – Ecologia & Ação / Projeto Usina solar barra de São Lourenço