Brasil é recordista em matar ambientalistas
Infelizmente é verdade.
As macabras estatísticas de um estudo realizado pela ONG Global Witness confirmam esta triste notícia. O resultado é devastador, pelo menos para nós brasileiros. Das 908 mortes de ambientalistas, defensores e ou denunciantes de crimes contra a natureza desde 2002 até 2013, 448 foram no Brasil!
É mole?
O relatório concluído e apresentado dia 15 de abril de 2014, reuniu 35 países considerados “recordistas” em criminalidade ambiental. A ONG reconhece também que a informação é escassa e que os dados provavelmente mostrem apenas a ponta do iceberg (o “buraco” pode ser bem maior), pois países africanos como a República Centro-Africano, Nigéria, Zimbabwe e Congo que são muito fetados por este tipo de crime, não possuem documentação confiável para entrar nas estatísticas.
Sendo assim os piores números ficaram com América Latina e Ásia. Os “medalhistas” são:
• 1º lugar Brasil, com 448 assassinatos;
• 2º lugar Honduras, com 109;
• 3º lugar Filipinas, com 67.
Analisando ano a ano 2002 foi o mais “calmo” quando foram registrados 51 assassinatos e o ano de 2012 foi o pior da série onde 147 (quase o triplo) pessoas foram assassinadas por defender o planeta onde vivem. O número de mortos vem crescendo. Nossa bela e gigante Amazônia defendida com unhas e dentes pelo saudoso Chico Mendes (morto em dezembro de 1988) atualmente é a mais perigosa região do mundo para ativistas do ambientalismo.
A impunidade e a lentidão do Poder Judiciário brasileiro (não só no Brasil) contribui e muito para estes alarmantes e vergonhosos dados. Oficialmente falando, sabe-se que cerca de apenas 10 casos foram julgados condenando os verdadeiros criminosos. Em um ambiente onde quase mil crimes acontecem, é uma piada este número ridículo de condenações. Outro fator contribuinte desta mpunidade generalizada é o fato de os atingidos serem oriundos de populações humildes, principalmente indígenas e minorias sendo mais vulneráveis além de trabalharem em áreas remotas.
Os números são chocantes porém não tão surpreendentes. Entra ano e sai ano, os conflitos ambientais se tornam cada vez mais emergentes em todo o mundo, com ataques, represálias e expulsões de toda espécie. A recente morte do biólogo espanhol Gonzalo Alonso Hernández foi outro exemplo dos contínuos ataques sofridos pelos ativistas no Brasil e comprova o poder dos grandes latifundiários com sua polícia particular e grupos criminosos.
A publicação do trabalho tem como principal objetivo chamar a atenção da comunidade internacional e dos governos para um problema sério que continua a crescer. A união e organização dos grupos ativistas são polos fundamentais para se ter algum sucesso na luta contra os “bandidos do progresso”. Deixemos a “barba de molho” e vamos à luta, pois quando acabarem os recursos naturais, aí sim ninguém conseguirá fugir da guerra.
Para finalizar deixo a célebre frase do ícone maior dos seringueiros:
“No começo pensei que estivesse lutando para salvar seringueiras, depois pensei que estava lutando para salvar a Floresta Amazônica. Agora, percebo que estou lutando pela humanidade.” Chico Mendes
Imagens: Wikimedia Commons