[#DiaDaAgua] O Rio da Integração Nacional – Reflexões

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Neste 22 de março, dia mundial da água, nada mais oportuno que trazer minha homenagem  e reflexão pelo meu Velho Chico, rio São Francisco, manancial que me adotou com sustento e vida, mais um de seus milhares de filhos bastardos. O Rio São Francisco, que nasce nas Minas Gerais, percorrendo mais de mil e duzentos quilometros até a sua foz, desde o seu descobrimento e também é chamado de rio dos currais.

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A sua “descoberta” foi registrada após um ano da “descoberta” da terra  dos homens pardos e nús (Brasil), pelo navegador Américo Vespúcio, que navegou na foz de um grande rio que se jogava ao mar, no dia de São Francisco.

Como escreveu Guimarães Rosa, sua história tem sido a história do sofrimento de um rio que há mais de quinhentos anos é fonte de vida e riqueza. O sofrimento do rio se mistura com o sofrimento do povo nordestino que vive as suas margens e de seus afluentes, misturando inclusive água e sangue, nos conflitos por terra, por outorga d’água, por questões históricas (Canudos, Cangaço).

Sendo considerado o 6º maior rio brasileiro em extensão, provavelmente seja o mais importante por ser o rio da integração nacional, pois em seu trajeto da nascente a foz, percorre 5 estados (Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe) e fazer ligação entre a região sudeste e o nordeste brasileiro.

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O Rio, apesar de proporcionar grande desenvolvimento econômico nas regiões em que banha, o próprio progresso traz consigo mazelas que estão decretando a sua dolorosa morte, onde poderemos comentar brevemente as principais:

  • Transposição:

Embora muito se fale em verbas e projetos para a revitalização da sua bacia hidrográfica, até como contra-partida do projeto de transposição, que levará água do rio São francisco para os estados da Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte, observa-se pouca execução e muita polêmica envolvida, com uma ampla corrente contra o projeto, desde ribeirinhos até ambientalistas.

 https://www.youtube.com/watch?v=tWis8hTqQRA

 https://www.youtube.com/watch?v=AIJW6KsXwyc

  • Poluição:

Não importa o agente. Desde os esgôtos domiciliares despejados nas suas margens, até “cidadãos ignorantes” que ao consumir uma garrafa de água mineral, lança a embalagem pelas laterais das barcas que fazem a travessia entre cidades, como por exemplo a viagem de 5 minutos entre Petrolina-PE e Juazeiro-Ba, todas são formas gritantes de agressão ao rio.

Em Minas Gerais, colônias inteiras de pescadores estão perdendo seu trabalho e sustento pela contaminação das águas por metais pesados.

  • Assoreamento:

Graças ao desmatamento das margens do rio, seja para a agricultura, para empreendimentos imobiliários ou para a extração de madeira da mata ciliar, toneladas de terra estão sendo jogadas em seu leito, restringindo ainda mais a sua navegabilidade, potabilidade, dentre outros atributos.

Em vários trechos do seu percurso, cita-se Pirapora-MG, seu leito pode ser atravessado a pé, pelo baixo nível de suas águas.

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  • Agricultura Irrigada:

Provavelmente a maior mola mestra do desenvolvimento do vale do rio são francisco, a agricultura irrigada, que produzem toneladas de frutas tropicais para abastecer o mercado europeu e americano, gera centenas de empregos e com isso, muitos problemas por tabela. O uso da água nessas propriedades rurais ainda não é racional, observando-se muito desperdício e sem contar com a poluição dos lençóis freáticos da bacia com contaminantes químicos, advindos dos agrotóxicos aplicados ainda muito aleatoreamente.

De fato, muitos outros problemas poderiam ser comentados, com muito mais informações e argumentos concretos, mas o que fica de mensagem, é que a vida do Rio dos currais, o Rio São Francisco, é um interesse geral da população brasileira em todo o seu território, pela importância e influência direta e indireta que ele exerce ao povo brasileiro.

Que o exemplo do rio São Francisco sirva de reflexão para a preservação de todos os pequenos e grandes rios deste país, pela fundamentabilidade da água para a vida e saúde humana, neste 22 de março, dia internacional da Água.

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Esta matéria foi escrita peloamigo Hawston Pedrosa (@hawston), que trabalha na Sanvale  (@_Sanvale)  e agora administra o @blogdorancho.

Daiane Santana

Daiane Santana é a idealizadora do Portal VivoVerde, nasceu em Minaçu/GO e atualmente reside em Parauapebas-PA e há 15 anos escrevo neste site. Sou formada em Engenharia Ambiental, pela UFT – Universidade Federal do Tocantins, pós-graduada em Gestão de Recursos Hídricos e Engenharia de Segurança do Trabalho. Atuo como consultora, ministro treinamentos nas áreas de meio ambiente, segurança do trabalho quando dá tempo. Contato: portalvivoverde@gmail.com | Twitter - @VivoVerde | Instagram: @DaianeVV | 063999990294

9 thoughts on “[#DiaDaAgua] O Rio da Integração Nacional – Reflexões

  • Pingback: EcoZilla

  • 22 de março de 2010 em 21:45
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    Reza a história que as caravelas recolhiam água doce a 15 kilômetros da foz,em pleno alto mar, tamanha a força das águas do velho chico desaguando no marzão!!

  • Pingback: Sanvale-G. Ambiental

  • 23 de março de 2010 em 8:32
    Permalink

    Muito boa e oportuna a matéria sobre o Rio São Francisco, realmente o descaso com um Rio tão importante para as populações que dele dependem e também como motor de integração e desenvolvimento regional.

    Um pouco mais de responsabilidade não faz mal a ninguém.
    Parabéns pela matéria.

    Paulo Coelho
    Florianópolis – SC
    pcoelhofln@gmail.com
    twitter @pcoelhofln

  • 24 de março de 2010 em 20:08
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    Sensacional a hmenagem ao Velho Chico!!! Convido para conhecerem um pouco o projeto Os Chicos, por meio do qual estou percorrendo toda a extensão do São Francisco na tentativa de documentar a cultural oral da população ribeirinha. quando puderem, visitem nosso site: http://www.oschicos.com.br

    Novamente, deixo meus parabéns pela linda homenagem.

    Gustavo Nolasco – Jornalista e autor do projeto Os Chicos

  • 5 de abril de 2012 em 22:42
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    -É…Como será o Futuro onde a energia elétrica será substituída por outras fontes de energia. “Eu vi na televisão”

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