El niño e o período chuvoso no Tocantins!!
Pelo quinto ano consecutivo a bacia hidrográfica do Tocantins-Araguaia fecha o período chuvoso com déficit hídrico. Bem verdade, que este último período chuvoso 2018/2019 foi influenciado pelo recorrente fenômeno El Niño, que deve se prolongar por todo inverno e início da primavera. A saber, o El Niño é dos principais moduladores das chuvas na América do Sul, em especial o Brasil, com efeitos conhecidos e temidos nas regiões norte e nordeste do Brasil. De episódios cíclicos que variam de 4 a 6 anos e com intensidades que são moduladas proporcionalmente ao aquecimento do oceano Pacífico Tropical Equatorial.
No Estado do Tocantins, de forma geral, o que realmente se teve foi déficit hídrico e sua maior parte o agravamento em termos meteorológicos e hidrológicos nas regiões do sudoeste e sudeste.
Este último período chuvoso foi marcado por grandes oscilações, onde foi frequente termos eventos de chuvas volumosas, que em dois ou três dias, os totais já representavam de 50 a 60% do esperado para o mês. Em várias localidades estes totais pluviométricos mensais foram superados com certa facilidade. O que de certo ajudou a mascarar o período atípico pelo qual passamos e remonta a percepção que o período chuvoso foi de normalidade, em termos quantitativos.
É evidente que, estamos nos afastando da “normalidade climática” no decorrer dos anos. As flutuações em torno desta “normalidade climática”, tem se ampliado e mais incertas! Mesmo em anos, dito como “normal” a variabilidade climática não tem permitido bons volumes pluviométricos, bem distribuídos e regulares. Daí surge à necessidade de uma análise mais assertiva, separando sobre que “o ponto de vista” se deseja analisar. Sugiro analisar sobre o ponto de vista: meteorológico, agrometeorológico e hidrológico.
Em muitas vezes, os totais pluviométricos atípicos “irregulares e mal distribuídos” durante certo período chuvoso tem sido bom, para o setor agrícola, ou seja, do “ponto de vista agrometeorológico”. Em vários casos, apesar da oscilação da janela de plantio (com atrasos para o início do período chuvoso), tem chovido na hora que as culturas de sequeiros necessitam e as produtividades têm sobressaído, por exemplo, os últimos dois períodos chuvosos, que foram marcados por grandes incertezas probabilísticas. E neste 2018/2019 não foi dos piores, essa temática foi a mais falada na Feira Agrotecnológica de Palmas – AGROTINS 2019, que ocorreu no mês de maio.
Já no “ponto de vista hidrológico”, a conta não tem fechado, são rios cada vez mais baixos, e bem menos volumosos. Numa escala tão importante quanto às vazões dos rios, córregos e ribeirões, a recarga e a manutenção (infiltração, percolação) dos mananciais têm sofrido pelos regimes pluviométricos cada vez mais irregulares e agravados pelos intensos veranicos e a tão marcante ausência da vegetação nativa.
Devemos ainda, nos manter vigilantes para as duas principais regiões do Tocantins: a sudeste e sudoeste. A primeira, por ser considerada de menor índice pluviométrico anual, por ser recorrente em socorros emergenciais, com carro pipas por parte do governo do Estado, em especial na zona rural daqueles municípios. A segunda, por ser considerada a mais importante na produção de sementes de soja e de frutas, onde a demanda hídrica requerida já supera a oferta natural dos rios.
Agora se inicia um longo período de estiagem, que será marcado por altas temperaturas e de baixos índices de umidade relativa do ar.
- Ajude-me a responder nos comentários às seguintes questões:
- Como devemos nos preparar para as incertezas do clima?
- Nós (órgãos de monitoramento, sociedade civil e organizada, defesa civil) estamos, atentos às questões do clima?
- E se o El Niño persistir?
Entre em contato via e-mail no ( meteorologia@vivoverde.com.br ), mandando sugestões, dúvidas e reclamações (claro)! Até breve…