Por que Construção Sustentável?
Antes de discutirmos o presente, e possíveis futuros da sustentabilidade na construção civil, trago algumas informações para oferecer um contexto e mostrar a magnitude dos impactos causados por esse setor.
A definição de desenvolvimento sustentável usualmente se refere ao conceito oferecido pelo Relatório de Brundtland das Nações Unidas (Our Common Future, 1987)1, que expressa o desenvolvimento sustentável como um ‘desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades’.
Assim, garantir um desenvolvimento sustentável é um processo em constante evolução, pois as limitações estabelecidas pela atual tecnologia e organização social são inerentemente diferentes do passado e do futuro.
A infusão do conceito de desenvolvimento sustentável na construção civil – Construção Sustentável – foi definida pelo Conselho Internacional de Pesquisa e Inovação em Construção Civil (CIB) em 1994 como ‘criar e operar um ambiente construído saudável baseado na eficiência de recursos e design ecológico’2. Além disso, o CIB formulou um conjunto de sete Princípios de Construção Sustentável:
1. Redução do consumo de recursos (reduzir);
2. Reutilização de recursos (reutilizar);
3. Uso de recursos recicláveis (reciclar);
4. Proteção da natureza (natureza);
5. Eliminação de tóxicos (tóxicos);
6. Aplicação do custo do ciclo de vida (economia);
7. Foco na qualidade (qualidade).
Não é por acaso a preocupação com o consumo de recursos na construção. O material mais utilizado na construção, o cimento, é também o produto mais produzido pelo homem na Terra (em massa), e é a segunda substância mais usada no mundo depois da água3.
Dada a escala da indústria do cimento, o compromisso total do setor é fundamental para contribuir para o objetivo do Acordo de Paris de 2015 de limitar o aquecimento global abaixo de 2 °C, e o mais próximo possível de 1,5 °C, em comparação com os níveis pré-industriais4.
De acordo com um relatório de 2018 da Chatham House (Instituto Real de Assuntos Internacionais), a indústria do cimento é responsável por cerca de 8% das emissões globais de CO25, sendo uma das principais fontes de emissões de CO2 pelo setor de Processos Industriais e Uso de Produtos (IPPU)6.
Outro ponto importante a ser considerado quando se pensa em sustentabilidade na construção civil é o uso de energia operacional das construções. Ou seja, a energia necessária para o resfriamento, aquecimento e iluminação dos edifícios, pois o consumo de energia operacional pelos edifícios causa o maior dos impactos negativos ao meio ambiente7.
Esses são apenas alguns dos aspectos que mostram a importância da sustentabilidade na construção civil, e que os esforços para aumentar a sustentabilidade da construção são essenciais para o desenvolvimento sustentável global.
Referências 1. Brundtland, G., et al., Our common future. 1987. 2. Kibert, C.J., Sustainable construction: green building design and delivery. 2016: John Wiley & Sons. 3. Scrivener, K.L., V.M. John, and E.M. Gartner, Eco-efficient cements: Potential economically viable solutions for a low-CO2 cement-based materials industry. Cement and Concrete Research, 2016. 4. UNFCCC. Bigger Climate Action Emerging in Cement Industry. 2017; Available from: https://unfccc.int/news/bigger-climate-action-emerging-in-cement-industry. 5. Lehne, J. and F. Preston, Making Concrete Change, Innovation in Low‐carbon Cement and Concrete. Chatham House Report, Energy Enivronment and Resources Department: London, UK, 2018: p. 1-66. 6. UNFCCC, Industrial Processes and Product Use (IPPU), I.P.o.C.C. (IPCC), Editor. 2016.7. Shoubi, M.V., et al., Reducing the operational energy demand in buildings using building information modeling tools and sustainability approaches. Ain Shams Engineering Journal, 2015. 6(1): p. 41-55.