Reinauguração do Castelinho da Rua Apa em SP terá ações sustentáveis
Hoje (06/04), um dos símbolos do centro de São Paulo ressurge depois de oito décadas de abandono. O Castelinho da rua Apa, local de um enigmático crime que abalou a cidade e uma excêntrica construção do centro de São Paulo, reabre suas portas para servir plenamente como apoio ao projeto social desenvolvido pelo Clube de Mães do Brasil (CMB).
Desde 1993, o CMB realiza atividades de formação profissional e inclusão social de moradores de rua na região, num edifício que fica ao lado do Castelinho, que foi transformado em Polo Sociocultural de São Paulo e abrigará projetos e eventos em áreas multidisciplinares.
Nos anos 1990, Maria Eulina Hilsenbeck criou a ONG Clube de Mães do Brasil e em 1996 obteve a concessão de uso do Castelinho da Rua Apa. O imóvel já estava fechado há quase 60 anos e, em ruínas, acabara se transformado em depósito de sucata, em ponto de encontro de usuários de drogas, sem perspectivas de melhorias.
“Tem esse nome porque uma mãe, por pior que esteja a situação do filho, jamais deseja que ele se torne um bandido, um traficante, um assassino. Uma mãe sempre deseja o melhor para seu filho.” Maria Eulina Hilsenbeck, fundadora do CMB
Por muitos anos essa senhora, que chegou a morar escondida no local no período em que, ainda muito jovem, viveu nas ruas, sonhou em transformar o Castelinho num espaço de acolhimento e transformação. E isso se tornou possível com uma parceria que resultou da sua perseverança, tenacidade e fé no ser humano.
Primeiro era preciso ter o direito de usar o prédio, de propriedade do Governo Federal. Ele foi cedido pela União, através de intermediação de Dona Ruth Cardoso e teve comodato assinado em 1996 pela Secretaria do Patrimônio da União – SPU, subordinada ao Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão. O Clube de Mães do Brasil – CMB, tomou posse do imóvel somente em 1997, após o despejo das pessoas que haviam invadido o local em ruínas, utilizando-o como depósito de sucata e ferro velho. Veja como foi a reconstrução:
Depois foi preciso vencer a burocracia para liberar o prédio para uma reforma. Erguido em 1912 para servir de residência, o imóvel já estava com processo de tombamento aberto pelo Conpresp, o órgão municipal de proteção ao patrimônio, desde 1991,mas o trâmite só seria concluído, com sucesso, em 2004.
Em seguida, precisavam de um arquiteto que aceitasse a parceria. Milton Nishida foi o 17° profissional procurado por dona Maria Eulina. Ele não só topou como se encantou com as possibilidades do projeto e fez os primeiros levantamentos em 2010, iniciando as obras cinco anos depois.
A quarta parte era obter recursos. Eles vieram do Fundo Estadual de Defesa dos Direitos Difusos (FID), da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania: R$ 2,8 milhões de reais para recuperar a histórica construção, com a premissa de que seria reaberta como centro cultural voltado à população mais pobre.
As atividades propostas para esta nova fase no Polo Sociocultural fazem o que os bons projetos deveriam: disponibilizam o espaço público para toda comunidade, mesclando tribos urbanas e enfatizando a empatia.
Veja o que o CMB propõe:
– Cursos de culinária sustentável e alimentação saudável, para crianças da rede pública.
– Cursos de arte e iniciação musical, para crianças da rede pública.
– Encontros literários e palestras sobre sustentabilidade e meio ambiente.
– Espaço gourmet, abrigará encontros, palestras e eventos com imigrantes e migrantes.
– Apresentações musicais.
– Exposições.
– Feiras culinárias e de artesanato.
Existem muitas reportagens sobre a ONG, mas o Estadão fez um especial sobre o castelinho mal assombrado, o crime que o deixou abandonado e o trabalho de restauração. Está ótimo: De mal-assombrado a bem-vindo: a volta do Castelinho da Rua Apa (Fotos de Tiago Queiroz/ Estadão).
Saiba mais:
Especial do Estadão sobre o Castelinho e Maria Eulina.
Site: https://clubedemaes.org.br/a-instituicao/
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