Vacinas, remédios e árvores, tudo junto e misturado

Que tomar vacina é importante todo mundo já sabe! Assim como tomar remédio quando estamos doentes também, mas você sabe de onde vem essa vacina e esse remédio seu de cada dia? Então…eles são retirados de plantas e de animais. Seus princípios ativos são isolados e estudados a fim de garantir seu efeito desejado no nosso organismo. Claro que falando assim parece simples, mas é um processo demorado, leva anos, até décadas, é um processo caro e que envolve uma série de profissionais, mas o que isso tem a ver com o meio ambiente? É porque estamos acabando com as florestas, com nossa vegetação nativa, e lá estão as plantas e os animais que “sustentam” a essa indústria. Nesse mesmo sentido de produção e origem também temos os soros.

Foto de Pixabay no Pexels

Soro e vacina são dois agentes que atuam como imunizadores, entretanto, são usados em ocasiões diferentes, apesar de terem um objetivo comum que é proteger nosso corpo contra substâncias estranhas. Os dois produtos são fabricados a partir de organismos vivos, sendo, portanto, chamados de imunobiológicos, e um dos centro de referência mundial na pesquisa e produção dessas substâncias é o Instituto Butantan, localizado na cidade de São Paulo. Lá são realizadas pesquisas relacionadas a diversas doenças e tratamentos, e um trabalho de excelência também de conscientização da importância desses animais no meio ambiente e para a saúde pública. 

Assim como algumas das vacinas hoje distribuídas e que tomamos nos postos de saúde são produzidas no Butantan (Vacina Influenza sazonal trivalente, hepatite A, hepatite B, HPV, vacina tríplice bacteriana para adultos e crianças – DTP- coqueluche, tétano e difteria) existem um monte de remédios que são também produzidos a partir de plantas e animais. Foi a partir das pesquisas feitas em laboratórios brasileiros, com o veneno da jararaca, que a indústria farmacêutica multinacional desenvolveu o captopril, o remédio mais usado para tratar a hipertensão arterial.

Fonte: Paula Barreto ig: @paulacrisbarreto

No Brasil, o principal centro de criação de vegetais produtores de remédios é a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa. Além das pesquisas relacionadas aos fármacos retirados das plantas existem também as pesquisas relacionadas as plantas medicinais popularmente usadas por todo o Brasil.  

Apesar dos inúmeros estudos sobre animais venenosos e peçonhentos ao longo de todo o século XX, ainda hoje, no Brasil, esses animais, de grande interesse para a saúde pública, são muito pouco conhecidos. Animais venenosos e peçonhentos são parte de nossa biodiversidade e cumprem um papel relevante no ecossistema, perdendo seus ambientes naturais a frequência desses acidentes são cada vez maiores, aumentando a necessidade da pesquisa para os tratamentos relacionados aos acidentes e consequentemente a esses animais. 

Quando se fala em ciência e, principalmente, em seres vivos, tudo é muito peculiar e, na maioria das vezes, não existem generalizações. Isso significa que para cada molécula identificada é necessário estudar a melhor biofábrica para produzi-la em larga escala, e isso envolve pesquisa dos organismos em seu ambiente natural e sua interação com o meio em que vivem. 

Você consegue entender que tudo está relacionado? Eu tenho que conservar e preservar SIM! A riqueza que temos nos nossos biomas, e que estão sendo desmatados reduzidos a monocultura, isso não tem preço. Áreas com vegetação que servem como esponjas retendo água e melhorando o clima, espécies de plantas e animais que são importantes para outras espécies, isso existe e é real na ecologia, são desmatadas e reduzidas a “algumas árvores sem importância nenhuma”. Quando falo em desmatamento, não estou me referindo a derrubada de uma árvore, mas a muitos outros bichos e plantas que vivem e se relacionam naquele ambiente. Isso é muito sério!

Os benefícios de se ter um ambiente preservado vão além de uma sombra boa e de um cajuí ou de uma manga colhida no pé e comida ali mesmo, mas de tudo que se relaciona de maneira direta e indireta…isso não tem preço. O conhecimento sobre a função de cada animal, como se reproduzem e como se comportam, e de cada planta no ecossistema é ferramenta decisiva para auxiliar na preservação ambiental. 

A expansão urbana crescente e desordenada alterou os ambientes naturais e provocou mudanças significativas no comportamento e na distribuição de diversas espécies, como as serpentes, escorpiões, aranhas, entre outras. Além da pesquisa na produção de medicamentos, vacinas e soros, esses animais desempenham papel fundamental no controle da vida em todos os ambientes. Não digo só dos animais peçonhentos, mas de TODOS. Um outro exemplo são as aves e morcegos, são importantíssimos dispersores de sementes, mamíferos também cumprem esse papel, sabemos da importância dos insetos para a polinização das plantas e os estragos que já ocorrem com o uso indiscriminado de agrotóxicos e por ai vai… são inimagináveis os estragos que veremos no futuro próximo!

Mas e ai, já tomou seu remédio pra pressão hoje? Está com o seu cartão de vacinação em dia?

Para maiores informações e uma leitura incrível acesse:
http://www.butantan.gov.br
https://www.embrapa.br/recursos-geneticos-e-biotecnologia

Bruna de Almeira

Bruna de Almeida, Tocantinense, Formada em Ciências Biológicas, pela Universidade Federal do Tocantins, pós graduada em Avaliação de Flora e Fauna em Ambientes Florestais, pela Universidade Federal de Lavras. É funcionária pública municipal. Contato: E-mail - biologia@vivoverde.com.br | Twitter: @brunadecente | Instagram: @bualmeida_to

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