Eficiência energética pode acelerar recuperação de indústria e comércio no pós-pandemia
Com uso consciente de energia, empresas reduzem o consumo em até 50% e aumentam produtividade do negócio
Com a flexibilização das medidas de isolamento implementadas para a contenção da COVID-19, o mercado vem dando os primeiros sinais de recuperação. O volume de vendas do comércio varejista já retomou o patamar do início do ano – mas 65% de um total de 2,3 milhões de empresas comerciais e de serviços afirmam ainda estar amargando os impactos negativos da pandemia, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Somado à necessidade de reduzir os impactos dos reajustes nas tarifas de energia, que vão desde os simbólicos 0,09% no Maranhão até 6,6% na Paraíba e 10,32% no Espírito Santo, a procura por soluções que permitam economia devem impulsionar a demanda por projetos de eficiência energética.
Atualmente, o setor industrial é responsável por cerca de 41% do consumo de energia elétrica do Brasil, com 573 mil unidades consumidoras, e, de acordo com a CNI – Confederação Nacional da Indústria, a energia total gasta com motores elétricos, refrigeração, ar-comprimido e iluminação pode representar mais de 50% dos custos com energia elétrica de uma empresa, fazendo com que o consumo eficiente se torne uma prioridade. Para se ter uma ideia, um motor de alto rendimento consome entre 20% e 30% menos energia do que um motor tradicional; já para climatização, a troca de um sistema antigo por um novo pode representar economia de 30% a 50%; enquanto a substituição de lâmpadas tradicionais por tecnologia LED pode resultar em uma economia de 90%.
De acordo com Marcel Haratz, CEO da Comerc, o projeto de eficiência energética é personalizado e leva em consideração a estrutura e as principais necessidades do negócio. “Quando trocamos a instalação de compressores de ar, por exemplo, além de uma grande redução no consumo de energia direta no equipamento, obtemos maior confiabilidade no processo produtivo, uma vez que equipamentos mais novos tem menos paradas não programadas. Sem falar nos custos com manutenção corretiva, que também são reduzidos”, afirma.
“A prerrogativa dos projetos de eficiência energética é produzir mais com menos recursos. Isso consiste em eliminar focos de desperdício e substituir equipamentos ultrapassados por mais modernos, resultando em maior produtividade”, comenta Frederico Araújo, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia (ABESCO). Segundo estimativas da entidade, eficiência energética pode resultar em uma economia anual de R$ 4 bilhões para a indústria e R$ 2,4 bilhões para o comércio brasileiro.
Além da atratividade econômica, os projetos de eficiência energética oferecem mais sustentabilidade às operações. “Todos os projetos de eficiência energética reduzem as emissões de CO2, reduzindo a pegada de carbono das empresas e contribuindo não só para a sustentabilidade do negócio, mas do meio ambiente. Eficiência energética deve ser o primeiro passo para otimizar o consumo e os gastos com energia elétrica. Quando o consumidor reduz o desperdício, a economia é garantida”, comenta Haratz.
A eficiência energética vem se popularizando nos últimos anos, mas o Brasil segue sendo um dos que menos investe na modalidade: é o 13º do ranking mundial, com US$ 3,26 per capita, enquanto na Alemanha, no topo do ranking, o investimento é quase 100 vezes maior (US$ 318,49 per capita). O desperdício de energia ainda é uma realidade no país: estima-se que, entre indústria e comércio, mais de 23TWh sejam desperdiçados todos os anos – o que representa 29% da geração de Itaipu em 2019. “É preciso ampliar a conscientização dos consumidores e das empresas. Desperdício de energia significa desperdício de recursos, e investir em eficiência energética é investir em produtividade”, concluiFrederico Araújo.