Faça mais que a sua obrigação
Peço desculpas por algumas obviedades que virão a seguir, mas este texto tem seu propósito – e ele tem muito a ver com o amor que tenho por vários pequeninos membros das novas gerações.
Quando a Daiane me convidou a participar da maravilha que é a construção coletiva do Portal #VivoVerde eu me questionei se estaria apta a escrever sobre esporte, um tema que eu amo, aliado às temáticas do meio ambiente. Admito que é um desafio pensar fora da caixa e buscar pautas que não sejam o esporte nosso de cada dia, ao qual estou acostumada. Por outro lado, acredito que esta será uma experiência transformadora para mim, e espero que também para os leitores.
Assim que o convite surgiu já comecei a pesquisar e pensar no que poderia trazer para a coluna, e uma das coisas que quero fazer com o nosso tempo juntos é experimentar, conhecer, viver, para trazer um relato pessoal sobre modalidades e boas práticas que envolvem o esporte e o meio ambiente. Uma coisa que vai ser muito nova para mim, acostumada a esporte de academia, os famigerados “indoors”; uma pessoa cujo contato com a natureza está diretamente ligado ao banho no final – seja lago, ou cachoeira.
No entanto, essa pegada “sob o olhar do colunista”, teve que ser adiada por motivos de saúde, mas em breve vamos colocar esse plano em prática. Até lá, contarei com a vivência de quem ama esporte e natureza, entrevistas, pesquisas, e é claro, a colaboração de vocês com a sugestão de pautas.
Na impossibilidade de eu mesma desbravar novos caminhos para estrear a coluna, aproveitei para conversar com um amigo e colega de trabalho que vive indo para o ‘meio do mato’. Todo final de semana, Galeno está em uma trilha diferente, vendo o sol nascer ou se pôr de lugares que ainda não conheço, mas certamente, pelas suas fotos e relatos quero conhecer.
Então resolvi bater um papo com ele, para saber aquelas coisas típicas de “guia de viagem” sobre o que levar, e uma curiosidade específica sobre como é a relação dos trilheiros com o lixo, assunto natural (e infelizmente ainda atrasado em muitos aspectos) quando queremos tratar de meio ambiente.
Na mochila não pode faltar água potável, pois nem sempre é certo que teremos uma fonte natural do nosso bem mais precioso, e uma fonte de energia, que no caso do Galeno, costuma ser uma barra de cereal ou de proteína. Frutas também são bem-vindas, mas podem ser danificadas ou ficar numa temperatura não muito agradável, dependendo do trajeto, segundo ele.
Conversa vai, conversa vem, eu perguntei como é a relação dele, e do grupo de amigos, com o lixo, e pedi que me contasse experiências nas trilhas que fez, o que encontrou, etc. E com o risco de dar spoiler do meu próprio texto, ainda há muitos absurdos.
Começando pelas boas práticas, ele sempre guarda o seu lixo na mochila, nos bolsos e quando necessário leva recipientes para descarte. Conta ainda que já pegou lixo alheio no caminho e deu bronca em quem se atreveu a fazer o descarte em local inadequado. Sobre as bizarrices no caminho, as mais comuns são as latas de cerveja, e uma pouco usual, foi uma lata de tinta, num local completamente aleatório, provavelmente trazida pela enxurrada.
Pro Galeno e seus relatos, a gente pode dar o troféu de “Parabéns, não fez mais que a obrigação”. Não, não há espaço para delicadeza quando o assunto é sério. Porque por mais bacana que seja saber da consciência de quem está em comunhão com a natureza, é preciso, para além de reconhecer as boas práticas, multiplicá-las, ainda mais em tempos de risco para políticas públicas de meio ambiente. E considerando o que li, vivi e ouvi, ainda há muito trabalho a fazer.