O Adeus ao maior lixão da América Latina
As vésperas do dia mundial do Meio Ambiente em 04/06/2012, pela primeira vez em 34 anos, o maior lixão da América Latina deixa de receber aproximadamente 8 toneladas/dia de lixo.
O lixão fica situado no Município de Duque de Caxias, RJ, no bairro de Jardim Gramacho, ás margens da Baia de Guanabara e ocupa atualmente uma área de aproximadamente 1,3 milhões de m². Foi instalado a partir de convênio firmado em 1978.
Em todo esse período de funcionamento o lixo foi simplesmente derramado no local, sem qualquer tipo de tratamento. Na verdade Gramacho é um exemplo a não ser seguido, recebeu por mais de três décadas o despejo de lixo urbano, químico hospitalar e industrial. Foram quase 60 milhões de toneladas de resíduos acumulados ao longo do tempo.
O encerramento das atividades do aterro é clamado desde 2005, quando pilhas de lixo atingiram quase 80 metros de altura. Ainda assim, o aterro continuou aberto. Em 2008, a Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (Feema) verificou rachaduras no solo, o que já indicava a possibilidade de vazamento de chorume na Baía de Guanabara ou na foz do Rio Sarapuí. É partir desse momento que medidas começaram a ser implantadas para finalmente o lixão deixar de operar.
As iniciativas começaram em 2009, quando foi inaugurada a Usina de Biogás de Jardim Gramacho, um grande projeto de redução de emissões de gases do efeito estufa. O objetivo é a captação e a queima o gás produzido pela decomposição da matéria orgânica, resultando na produção de energia.
Todavia, somente em 2012 a medida foi efetivamente aplicada. O término das atividades foi motivado pela a implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que prevê o fechamento de todos os lixões no país até 2014.O Estado do Rio pretende acabar com todos os aterros no entorno da Baía de Guanabara até o fim deste ano.
Especificamente em Gramacho trabalhavam 1.707 catadores, que receberam o pagamento de aproximadamente R$ 14 mil reais cada um, a título de indenização.A questão social ainda é incerta, pois o valor pago não garante um futuro digno. Ainda será necessário um auxílio do Estado para a inclusão social dessas famílias.
A partir de agora o destino do lixo do Rio passará a ser a Central de Tratamento de Resíduos (CTR Rio), em Seropédica. Os outros municípios enviarão os resíduos para a central de Nova Iguaçu e também para uma nova que será inaugurada em Paracambi.
Gramacho é um desastre ambiental no Brasil, cujo resultado é um passivo ambiental impagável. Muitos danos ali causados são irrecuperáveis, mas mesmo assim a área irá passara por uma recuperação ambiental, especialmente na região do mangue. Possivelmente, a área nunca mais será a mesma. Mas a iniciativa de encerrar as atividades é louvavel, o Poder Público agiu em prol da sustentabilidade, finalmente, aplicando os preceitos constitucionais de proteção ao meio ambiente.
Luiza de Araujo Furiatti
Visualmente esconde-se a degradação embora os sintomas permaneçam para sempre. É um desastre ambiental irreparável de proporções gigantescas que a grande imprensa sempre evitou. Apesar de desativado e camuflado, o lixão continuará no mesmo local para sempre.