A Estrada (The Road)
Título: A Estrada (The Road)
Autor: Cormac McCarthy
Editora: Alfaguara
A Estrada, de Cormac McCarthy, é uma distopia, adaptada para o cinema em filme homônimo de 2010, dirigido por John Hillcoat.
O livro, um pouco mais detalhado que o filme, narra a história de um pai e seu filho, não nomeados ao longo da obra, em um planeta arruinado, com uma catástrofe não revelada e onde a vida aos poucos está acabando. Não existem recursos naturais, há um esgotamento do meio ambiente, assim, não há mais plantações, pomares, animais, nada. Existem somente sobreviventes esquálidos vagando pelas estradas, vivendo dos espólios da antiga sociedade humana, buscando comida e água dia após dia.
Toda a paisagem é coberta por cinzas, não há mais peixes nos lagos, rios e mares, as árvores mortas caem o tempo todo e tudo o que resta para comer são os próprios seres humanos.
Distopias e ficções são recursos criativos que autores e roteiristas se valem para demonstrar, muitas vezes, os absurdos que estamos fazendo com o nosso planeta.
No caso de “A Estrada”, o canibalismo se tornou a única maneira de sobreviver para alguns grupos. Pessoas são mantidas em porões onde partes de seus corpos são gradualmente retiradas, cozidas ou defumadas. Mulheres e crianças se tornam as vítimas preferidas e, em pouco tempo, elas praticamente desaparecem. Existem muitas cenas perturbadoras de pessoas estripadas, inclusive bebês postos para assar em fogueiras.
O homem tenta privar seu filho do horror destas cenas, mas o menino sabe o perigo que correm.
A obra discute a possibilidade da bondade nos seres humanos, sendo o garoto a representação dessa bondade, que o pai acredita não mais existir no mundo.
O objetivo da dupla é seguir para o sul, onde é mais quente, pois o pai teme que não aguentariam mais um inverno. O céu vive quase que integralmente encoberto e o sol nunca chega à superfície, o que torna o ambiente ainda mais hostil do que o de costume. O homem vasculha casas, prédios, depósitos e armazéns em busca de comida e água fresca, enquanto ambos empurram um carrinho com seus poucos pertences pelas estradas empoeiradas.
Ao longo do livro, momentos do passado do homem aparecem e de como ele acabou sozinho com o menino, que nasceu já neste mundo destruído. A mãe não aguentava mais viver daquela maneira, disse que sua vida acabou quando o menino nasceu e que o marido nada podia fazer para protegê-los, pois as gangues que promoviam estupros e canibalismo já agiam. Então, um dia ela sai na noite e desaparece, deixando-o só.
Eles se permitem pequenas alegrias, como nadar em uma cachoeira, tomar um banho quente e dormir em camas em um abrigo subterrâneo intocado, cujos donos nunca chegaram a usar. O pai diz constantemente que eles são pessoas do bem, mas que existem pessoas do mal que não carregam o fogo, que querem apenas coisas ruins para todos os outros. O pai, no entanto, mostra-se cada vez mais fraco e teme pela segurança da criança, conforme tentam chegar ao litoral para poderem ir para o sul.
A narrativa, por mais pesado que seja o tema, é muito leve, os diálogos são curtos e concisos, pois não há muito mesmo o que falar na situação em que os dois vivem. Não há nomes de pessoas ou lugares, apenas o ambiente destruído, um pai e seu filho lutando para sobreviver.
Cormac nos leva por caminhos tortuosos da sordidez e da bondade humana no livro, nada muito diferente do que se vê nos noticiários todos os dias. Apesar de o evento catastrófico não ter sido nomeado, é bem possível que tenha sido o acúmulo de agressões à natureza que estamos cometendo. Não é difícil imaginar a humanidade em uma situação dessas; a fome aumentando drasticamente com o fim das plantações e dos animais… enfim… situações que devemos refletir!
Outra coisa que nos faz pensar ao ler este livro é até que ponto podemos perder nossa humanidade em uma situação de catástrofe? Será que vamos nos comportar como animais selvagens ou vamos exercer algum comportamento característico de sociedade em uma situação dessas?
Cormac McCarthy é um escritor norte-americano. Serviu na Força Aérea dos Estados Unidos por 4 anos e estudou Artes na Universidade do Tennessee. É vencedor do National Book Award, do National Book Critics Circle Award e do Prêmio Pulitzer de Ficção de 2007.
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