Aquecimento global: termômetros, termostatos e polêmicas a parte!

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Foto: Pxhere

No mês de maio, em uma reunião da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara, em Brasília, surgiram várias polêmicas protagonizadas pelo Ministro das relações Exteriores, Ernesto Araújo. Todos devem lembrar que a culpa do aquecimento global ficou na conta dos termômetros.

Polêmicas à parte! Entre termostatos, termômetros e as inúmeras evidências que apontam para aumento da temperatura global, um assunto passou batido, que na fala do ministro não ficou perfeitamente clara, talvez pelo desconhecimento por ele demonstre na área. Por outro lado, especialistas não se dobraram e correram para reforçar suas teses, evidências globais, suas causas e as nefastas consequências.

Provavelmente, eu não perderia a oportunidade de fazer o mea culpa e pleitear ao governo federal mais recursos para manter e garantir a nossa atual rede de monitoramento hidrometeorológica brasileira, além, de que fosse garantido o fortalecimento da política nacional. Onde deverei escrever um post específico apresentando a existente “dicotomia”, nome dado por mim para tentar explicar, claro que na minha visão, que padece a atual gestão destes dados.

No Brasil, são mais 190 estações em superfície que vem sofrendo influência nas medições meteorológicas. 

Sim! As medições meteorológicas vêm gradativamente tendo influências sistemáticas em suas leituras. Isto atesta que não há aquecimento global? Categoricamente, Não! 

Mas é um fato, realístico que deve ser encarado e corrigido.

Mais como se deu isto? 

Inicialmente, devido ao avanço desenfreado da urbanização dos pólos populacionais urbanos onde se encontram as estações meteorológicas. 

Bem verdade, que boa parte destas estações foram instaladas no século passado, onde o fenômeno da expansão territorial ainda se impulsionava em grande parte dos municípios brasileiros.

Exemplos não nos faltam: Palmas, Porto Nacional, Goiânia e Brasil a fora. As estações passam por um tipo de “supressão”, que já não permitem representar e/ou caracterizar uma determinada localidade. Onde memória climatológica é rompida e passa a apresentar outras tendências, que deverá ser interpretada e entendida. Para fins sinóticos, esta estação deve ser remanejada o quanto antes. 

São inúmeras implicações desta quebra de padrão ocasionada pela urbanização, a principal, em estudos do clima, que pode levar a conclusões desastrosas, como por exemplo, a existência de “uma ilha de calor”. Induzindo a outros questionamentos! 

 Já na modelagem matemática destinada a previsão do tempo, os modelos podem ser alimentados com dados que já não representam uma “condição inicial” de outrora, desta maneira, os cálculos podem gerar resultados errôneos, que dependendo de cada caso, serão sub ou superestimados. 

Agora imagine!

Se isto acontecer no mais de 170 países membros da Organização Mundial de Meteorologia (WMO, em inglês), que possuem estações em superfície, classificada como estações sinóticas?  E o que aconteceria com o clima mundial?

Não posso afirmar oque acontece!  

Aliado a isso, a falta de uma cultura ao monitoramento meteorológico, que é essencial mas negligenciado por muitos.

Pouco se sabe da importância deste monitoramento por parte dos governantes e, gestores na esfera estadual e municipal. E pasmem, por muitos profissionais!  

Reclamação mesmo, quando de um final de semana perdido por razão das chuvas (onde a moça da televisão não avisou, bem provável porque o modelo errou) e na hora de estruturar um trabalho de conclusão de curso, uma dissertação ou até mesmo uma tese. Sim, e quando aparece um job que precisa de dados meteorológicos!!

Até breve…

P.S.: Ah, depois escreverei sobre o que é uma estação meteorológica!! Fui…

José Luiz Cabral

Atualmente é professor/pesquisador da Universidade Estadual do Tocantins (UNITINS). Tem experiência em meteorologia e recursos hídricos, atuando nas áreas da: meteorologia sinótica, agrometeorologia (crescimento de desenvolvimento de culturas), climatologia, mudanças climáticas e fontes renováveis de energia (eólica, solar, biomassa). Condecorado com a Medalha de Mérito da Defesa Civil, outorga pelo Governo do Estado do Tocantins. Consultor em projetos de: Meteorologia, Energia Solar, Hidrometria e Agrometeorologia. Tem expertise em novas tecnologias e empreendedorismo digital. Contato: E-mail - meteorologia@vivoverde.com.br | Twitter - @nemetrh

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